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Pla
Jesus disse: Bem-aventurado o homem que sabe em que momento da noite virão os ladrões, de maneira que se erguerá, reunirá sua (força?), e se cingirá os rins, antes que entrem. Servidor Vigilante
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Roberto Pla
Tenta descrever o logion um dado frontal, ainda que prévio, desse magno acontecimento que os textos neotestamentários denominam, a vinda do filho do homem. Segundo a vertente oculta, tal “vinda” (parousia) é a elevação até a consciência da presença do Cristo interior, até então oculto, apenas semente, mas agora feito manifesto, uma vez ultrapassado o limite designado à cruz, mercê à adoração ou contemplação persistente.
Que o Filho do homem venha à consciência sempre “de noite” é o natural, porque não há luz, senão obscuridade, noite da alma, antes de receber o Dia do Filho. Por isso foi dito que “o Dia do Senhor há de vir como um ladrão”.
- porque vós mesmos sabeis perfeitamente que o dia do Senhor virá como vem o ladrão de noite; (1Ts 5,2)
O que traz a bem-aventurança, segundo o logion, não é que os ladrões não entrem, dado que tudo consiste em saber que o ladrão há de vir, que virá — pois essa é a fé — e manter-se em vigília para que quando venha, não suba por outro lado, como um ladrão ou assaltante, mas que entre pela porta, bem aberta, como corresponde ao Cristo verdadeiro, ao bom pastor (Pastor e Ovelhas).
Todas os relatos evangélicos do ladrão que chega de noite, ou das almas virginais e prudentes que com suas lâmpadas na mão, bem providas de azeite suas lamparinas, saíram ao encontro do noivo, servem para “indicar” em parábola (Parábola das dez virgens) algumas linhas mestres do acontecimento incomparável, único e final, da reunião da consciência com o Ser real, com a essência pura do si mesmo, imperecedora, absoluta, e inseparável “do que o uno é”.
É seguro que Jesus entendeu que em seu tempo de Cristo manifesto era chegada a hora de publicar o que estava oculto desde a criação do mundo. Mas ainda que esse era, sem dúvida, o propósito mais querido por quem fez de sua vida permanente ensinada, abriu a boca para publicar em parábolas esses segredos ocultos que queria revelar. “Publicou em parábolas”, segundo o afirma o primeiro evangelista ao trazer o texto do salmo.
Mas talvez agora, quase dois milênios depois daquela jubilosa revelação que consistiu em levar o oculto até a parábola, cabe a tentativa pobre, modesta — e muitos a acharão — de abrir ao manifesto algumas daquelas parábolas. Nisso estamos: “Para os que escutam entendam, e os que olhem, vejam. Para que com seu coração entendam e se convertam e o evangelho os cure para sempre”.
A parábola é uma maneira mítica de contar o que estava oculto, mas o mito e a realidade estão tão entranhados que não é possível saber quando acaba um e começa outro. Não é fácil assegurar que a realidade que agora se conta não leva consigo um resíduo inacabado de ocultação mítica. Por isso, o intento de abrir a parábola ao manifesto nunca será um ato de perfeição, porque jamais deixará de ter parábola antiga mitificada na insegura realidade nova.