E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo:
Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens.
(Lc 2:13-14)
Paul Vulliaud
Esta fórmula em seu original hebraico ou aramaico, seria traduzível como “paz na terra e benevolência ao homens”. Poderia ainda supor outro original que daria “na terra, aos homens felicidade”. Admitindo-se assim a possibilidade de um original hebraico ou aramaico, outra interpretação poderia ser “nos homens reconciliação”. Assim o termo grego significando “boa-vontade, bom prazer, benevolência”, corresponderia justamente ao hebraico ratson ou aramaico rahava “vontade, afeição, favor”. Deste modo é sábia a tradução de 1668 de Mons, que recomenda a associação da expressão de “boa-vontade” a Deus. Assim é correta a tradução do abade Nicolas Legros: “e paz na terra aos homens queridos de Deus”. Bossuet também defende esta forma aditando que a “boa vontade” significa a boa vontade de Deus para nós, e nos indica que a paz é dada aos homens queridos de Deus. O que se constata, finalmente, é que a tradução desta passagem de Lucas é controversa em sua interpretação desde Orígenes.