BALTHASAR MAXIMO RELIGIO

von Balthasar — Liturgia Cósmica — O Universo de acordo com Máximo o confessor

Religião e Revelação

A tensão entre Oriente e Ocidente é uma dimensão inseparável do pensamento de Máximo o confessor. Ele é corretamente chamado como o homem que pôs em reboliço Oriente e Ocidente; até seu sonho que alegou ter em Roma foi um sonho de diálogo entre Oriente e Ocidente, no qual o Oriente venceu. A questão que importa é compreender o verdadeiro sentido deste confronto, que não é político, nem geográfico, nem mesmo de estilo de pensamento. A oposição entre Oriente e Ocidente jaz em um nível mais profundo: a gloriosa e perigosa tradição intelectual que Máximo trouxe à tona, apesar dos títulos de heresia, e a qual deu novo brilho e validade, é composta de elementos do pensamento cristão com raízes vivas na Ásia.

Em contraste com este pensamento se impunha as forças poderosas da Bíblia, da Grécia e de Roma. Os dogmas bíblicos, as reflexões aristotélicas e estoicas quanto a physis dos seres individuais, enquanto revelação de uma Razão divina (logos), e o gênio legalista romano, se apresentam em contraposição à "religião natural" recuperada por Máximo.

Acerca de conteúdo, três corpus associam-se em seu sistema:

• pensamento de Orígenes, onde prevalece um subordinacionismo enraizado no próprio viés metafísico de seu sistema, onde só pode existir um Deus supremo; a criação do mundo material é assumido ser uma queda de espíritos da unidade original, coletiva com Deus e sua restauração (apokatastasis) deve logicamente implicar na eliminação final do ser material (conclusão que Orígenes como cristão não chegou).
• pensamento de Evágrio, adicionando um fundo asiático ao quadro geral: uma doutrina ascética e mística consistente.
• a Cristologia Alexandrina: concebida primeiramente de acordo com padrão (logos-sarx), como nas obras de Apollinarius, Atanásio e Cirilo, então corrigida para uma "carne animada" (sarx empsichos), embora sempre baseada na noção de "uma natureza) (mia physis), até sua paralisação — com Dioscorus, Timoteo Aelurus e Pedro Mongus — nos trabalhos de Severus, não podendo ser abalada por ardis políticos ou compromissos dogmáticos.