Efrem — SERMÕES
Contribuição e tradução de Antonio Carneiro
De los Sermones de San Efrén, diácono (Sermo 3, De fine et admonitione 2. 4-5: Opera, edición Lamy 3, 216-222).
Sermão 3 (in: “De fine et admonitione” 2. 4-5: Opera, ed. Lamy 3, 216-222)
A esperança da vida nova em Cristo
“Afugenta, Senhor, com a luz diurna de tua sabedoria, as trevas noturnas de nossa mente, para que, iluminados por ti, te sirvamos com espírito renovado e puro. A saída do sol representa para os mortais o começo de seu trabalho; arruma, Senhor, em nossas almas uma mansão em que possa continuar aquele dia que não conhece o ocaso. Faz com que saibamos contemplar em nós mesmos a vida da ressurreição, e que nada possa afastar nossas mentes de teus deleites. Imprime em nós, Senhor, por nossa constante adesão à ti, o selo daquele dia que não dependa do movimento solar.
Cada dia te estreitamos em nossos braços e te recebemos em nosso corpo por meio de teus sacramentos; faz com que sejamos dignos de experimentar em nossa pessoa a ressurreição que esperamos. Pela graça do batismo levamos escondido em nosso corpo o tesouro que nos deste; que este mesmo tesouro vá crescendo na mesa de teus sacramentos; faz com que nos alegremos de teus dons. Temos em nós, Senhor, o memorial teu, recebido de tua mesa espiritual; faz com que alcance sua realidade plena na renovação futura.
Te pedimos que aquela beleza espiritual que tua vontade imortal faz brotar na mesma mortalidade nos faça compreender nossa própia beleza. Tua crucificação, oh Salvador nosso, foi o término de tua vida mortal; faz com que crucifiquemos nossa mente para obter a vida espiritual. Que tua ressurreição, oh Jesus, faça crescer nosso homem espiritual; que a visão de teus signos sacramentais nos ajude a conhecê-la. Tuas disposições divinas, oh Salvador nosso, são figuras do mundo espiritual; faz com que nos movamos nelas como homens espirituais.
Não prives, Senhor, à nossa mente de tua manifestação espiritual, e não afastes de nós o calor de tua suavidade. A mortalidade latente em nosso corpo derrama em nós a corrupção; que a aspersão de teu amor espiritual apague de nossos corações os efeitos da mortalidade. Concede-nos, Senhor, que caminhemos com presteza rumo a nossa pátria definitiva e que, como Moisés desde o cume da montanha, possamos já desde agora contemplá-la pela fé.”
Oh Deus, que com o mistério pascoal restabeleceu no homem sua dignidade perdida e lhe deu a nova esperança da ressurreição, faz com que o mistério celebrado na fé se realize para sempre no amor. Por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém.
“Preparado pelo Departamento de Teologia Espiritual da Universidade Pontifícia da Santa Cruz”
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