DIA DO SÁBADO
Gnosticismo
Roberto Pla
Evangelho de Tomé – Logion 113
A expressão “dia do Sábado” se usa em geral em seu sentido manifesto e sua significação parece evidente. No entanto, no episódio das “espigas arrancadas no sábado” (Guardar o sábado), a explicação de Jesus pela qual justifica que seus discípulos arranquem espigas serve para “voltar” o sábado e com ele seu Dia, ao sentido oculto. “O sábado — diz — foi instituído para o homem; se sorte que o Filho do Homem é senhor do sábado” (Mc 2, 27-28).
O filho do homem — o homem essencial, pneumático — é a luz (= o Dia), e por isso, na oposição Sábado — Templo, na qual o raciocínio de Jesus se apoia segundo o relato de Mateus, cuida o evangelista de mencionar o Dia, “dia do sábado”, pois o que é “maior que o templo” não é o sábado senão o Dia. O texto é bem explícito: “Tampouco haveis lido na Lei que no dia do sábado os sacerdotes, no templo, quebravam o sábado sem incorrer em culpa? Pois eu os digo que aqui há algo maior que o templo (Mt 12,5). E não se pode pensar que a grandeza que atribui Jesus ao Filho do Homem e não ao Dia, porquanto o Dia, em seu sentido oculto de Luz, é o Filho do Homem, o qual é a luz, e só se trata de dois termos que expressam uma identidade.