Daniélou Símbolos

Jean Daniélou — Símbolos Cristãos Primitivos
Los símbolos cristianos primitivos, Jean Daniélou, Ediciones Ega: Bilbao, Españ a, Biblioteca Mercaba, colección Trípode — vida n. 4, 1993, 133 p., ISBN: 84-7726-063-X, título original da obra: “Les symboles chrétiens primitifs” , Éditions Du Seuil, Paris, 1951, 159 p., versión españ ola de Concepción Munuera.

Introdução
Contribuição e tradução de Antonio Carneiro das páginas 7 e 8

Antes de estender-se pelo mundo grego e romeno, e de tomar deles língua e imagens, o cristianismo conheceu uma primeira etapa em um meio judeu em que se falava arameu. Este judeu-cristianismo não teve futuro e sua pegadas forma desaparecendo pouco a pouco. Apesar disso, umas quantas obras raras, transmitidas em traduções feitas em línguas orientais, armênio, siríaco, copto e etíope, permitiram refazer pouco a pouco esta herança literária: tratam-se das Odes de Salomão, a Ascenção de Isaías, os Testamentos dos XII patriarcas e algumas mais. Em outro livro1 tratei de reconstruir sua mentalidade, cujas características procedem da apocalíptica judaica. É uma teologia da historia que se expressa por meio de símbolos.

Deste modo cheguei a pergunter-me se algumas das imagens que nos legaram o cristianismo antigo não remontavam a este período primitivo e não era donde havia que buscar seu verdadeiro significado. A partir de 1954 fui publicando em várias revistas o resultado destas pesquisas. Este livro é um compêndio desses estudos, revisados e completados. Pude constatar a singularidade do símbolo da cruz, e sobretudo, o do arado. Creio ter reconhecido a importância da coroa na simbologia sacramental. Surpreendeu-me ver como se compara o batismo com um carro em que o homem se eleva ao céu. Inclusive cheguei a pensar que os símbolos mais conhecidos, sobretudo o do peixe, podiam ter uma significação diferente da que se lhe atribui de comum.

Em todo caso, a singularidade destas conclusões deixava-me perplexo diante a mim mesmo. Nem preciso dizer o interesse com que li, em um número do “Osservatore Romano” de 06 de agosto de 1960, em um artigo de R.P. Bagatti, um dos melhores arqueólogos de Palestina, em que dava conta dos extraordinários descobrimentos feitos em Hebron, Nazareth e Jerusalém, e que permitiram trazer à luz um certo número de ossários e estelas funerárias, cujo caráter judeu-cristão é certo nos que se encontram, precisamente, a maior parte dos símbolos que havia reconhecido por minha parte como judeu-cristãos nos monumentos literários. Voltamos a encontrar o arado e a palma, a estrela e a vinha, a cruz e o peixe. Esses ossários pertenceram à uma comunidade judia-cristã que viveu em Palestina em fins do século I e durante o II. Os símbolos que aparecem neles tem sido estudados por R.P. Testa em uma tese apresentada no Instituto Bíblico de Roma, ainda não publicada e da que somente sei o que menciona o P. Bagatti, em seu artigo já citado, e o próprio autor no do “Osservatore Romano” de 25 de setembro de 19602.

Assim pois, temos diante nós a possibilidade de escrever nova página da história do Cristianismo. Até agora não havia nada mais obscuro para nós que o espaço que separa os primeiros começos da Igreja, descritos nas epístolas de São Paulo e nos Atos dos Apóstolos, de seu desenvolvimento no meio grego e latino, em Alexandria, Catargo e Roma. Este período obscuro começa a iluminar-se. E o que nos é revelado é precisamente a importância que teve nesse momento este cristianismo de estrutura semítica, do qual não tínhamos ideia, e alguns de cujos caracteres dão-nos a conhecer mediante o estudo da simbologia judia-cristã.


NOTAS


  1. “Théologie du judéo-christianisme”, Desclée, Bibliothèque de Théologie, 1 — (judéo-chrétien chiliaste), Paris, 1958, 460 p.

    (Publicado como tomo I de “Histoire des doctrines christiennes avant Nicée” , trad. inglesa : “The theology of Jewish christianity”, trad. e ed. John A. Baker, London : Darton, Longman & Todd, 1964, xvi, 446 p. series “The Development of Christian doctrine before the Council of Nicea” vol. 1; trad. italiana em 1974, 2a.ed. francesa em 1991, texto estabelecido sobre a edição italiana de 1974 por Marie-Odile Boulnois, revista e corrigida por Joseph Paramelle e Marie-Josephe Rondeau, Desclée/Cerf, Paris, 512 p.)

    (Os dois tomos seguintes tomo II e tomo III estão apresentados a seguir:)

    (“Message évangélique et culture hellénistique, Aux IIe et IIIe siècles” , Jean Danielou — “Histoire des doctrines chrétiennes avant Nicée” , tome II, Ed. Du Cerf, collection Antiquariat, Paris, 1990, 492 p. ISBN : 2-718-90480-1)

    (No segundo tomo de « Histoire des doctrines chrétiennes avant Nicée », mostra como os Padres da Igreja, espalhando a mensagem cristã, afrontaram o meio grego nos séculos II e III. A teologia cristã utilizará, a partir dos Apologistas, os instrumentos intelectuais da filosofia grega. Mas a partir de então, teve uma primeira Teologia, de estrutura semita. Existiu um pensamento autenticamente cristão que se formulou com a ajuda de categorias judias e que se prolongou em alhures num mundo siríaco, assim como existe um pensamento cristão que se desenvolveu num quadro de pensamento helenista, prova a capacidade do cristianismo de adquirir cultura de múltiplas maneiras. Além de seu interesse histórico evidente, esta obra pode tornar melhor os serviços para aqueles qui tem por característica de refletir à missão e àquilo que se nomeia hoje aculturação. Conserva então uma atualidade e um interesse permanentes.)

    (“Les Origines du christianisme latin” , Jean Danielou — “Histoire des doctrines chrétiennes avant Nicée” , tome III, Ed. Du Cerf, collection Antiquariat, Paris, 1978, 392 p. ISBN : 2-204-01156-8)

    (No tomo III da « Histoire des doctrines chrétiennes avant Nicée », estudou o rencontro do cristianismo com a cultura latina. Trata-se para homens como Tertuliano de imprimir sua marca própria sobre um material que está na sua maior parte em grego. Os Latinos conservaram e desenvolveram a tipologia do cristianismo primitivo, continuado por Justino e Irineu, e a teologia da história que é o fundamento disso. Sua obra é a este olhar inapreciável. Enfim, mais preocupados que o s Gregos as instituições, mais próximas do centro de Império e daquela da Igreja, os Latinos foram levados a reencontrar as questões de eclesiologia, por sua vez em condições concretas da realidade eclesial e em seu confronto histórico com a ideologia imperial. Sob este olhar, a obra de Cipriano apresenta uma originalidade e uma atualidade permanentes.)

    Existe uma edição em espanhol : Teología del judeocristianismo, Jean Daniélou, Ediciones Cristiandad, S.L. trad. Antonio deEsquivias Villalobos, Madrid, 2004, 540 p.,ISBN: 8470574671

    Hasta la asunción de la filosofía griega por los padres apologistas, la primera teología cristiana adoptó una estructura semítica, cuyos restos perduraron incluso tras su extinción. Se trató de una teología visionaria, dominada por la apocalíptica. Tal es la tesis mantenida por Daniélou en este libro y, fiel a la misma, elabora en él una investigación de interés histórico pero, además, de resonancias teológicas. La traducción ha sido hecha a partir de la versión francesa de 1974, corregida por el autor. 

  2. A tese apareceu em 1962 com o título: “ Il simbolismo dei Giudei-Cristiani” , Jerusalém, Tipografia de PP. Franciscanos (nota da 2a. edição francesa).