Cristianismo Etiópico Salomão I

CRISTIANISMO ETIÓPICO
Rouleaux magiques ethiopiens de Jacques Mercier

Salomão, o chefe dos sábios
Este rolo foi coletado por Enno Littman em Axum em 1906.

As duas imagens de Salomão estão em oposição: no alto ele porta uma coroa de chifres, em baixo, uma coroa com uma cruz sobreposta. Uma passagem do livro intitulado a Glória dos Reis (Kabra Nagast), capítulo 66, permite compreender este desenho: segundo a interpretação de uma profecia, o nome de Salomão, significa em linguagem secreto “Cristo”. O primeiro rei (no alto) é aquele do Antigo Reino, e os utensílios, vasos, cálices, são aqueles do templo de Jerusalém. O personagem invertido (em baixo) é Salomão-Cristo), rei do Novo Reino. Duas cruzes foram substituídos aos utensílios do templo, pois nada iguala à importância da cruz (“A cruz é o alfa e o ômega”). Cada rei tem uma linhagem, insígnia de sua majestade, na mão esquerda, e está cercado por dois servidores.

As quatro serpentes ou dragões são os demônios que Salomão evocava por meio do anel sobre o qual estava gravado o nome de Deus. O pintor fez variar seus olhares. Estas variações significam que eles eram os servidores dóceis de Salomão e que eles foram vencidos e aterrorizados pelo Cristo. Relacionados ao Cristo, estas serpentes podem ser as serpentes de bronze de Moisés, símbolos da cruz do Cristo (João III, 14; Sargis d’Aberga). Elas são gravadas frequentemente sobre as cruzes etiópicas.

A face central é aquela do demônio Mazhab, o mais eminente dos quatro portadores do trono de Salomão. Quanto às duas faces aureoladas de amarelo, em oposição de um lado e de outro da face central, estes são provavelmente os anjos comissionados por Deus para guarda de Salomão.

Para pôr em imagem esta cena, o dabtara (v. Cristianismo Etiópico) utilizou um esquema ornamental comum — um X — que transformou os ramos em serpentes.

Um dabtara godjame utilizou um Rede de Salomão contendo uma imagem muito semelhante a esta. Segundo ele, os dois reis eram os reis dos demônios cercados de seus soldados, a face central sendo aquela de Satã aprisionado.