Caussade — Seleção de James Cutsinger
O momento presente é sempre como um embaixador que declara a ordem de Deus, o coração pronuncia sempre o faça-se. A alma passa assim por todas estas coisas em seu centro e seu termo; ela não para jamais, ela vai em todas as direções, todos os caminhos e maneiras a impulsionam igualmente para o imenso e o infinito; tudo lhe serve de meio, tudo é instrumento de santidade sem qualquer diferença a não ser manter sempre o que está presente voltado para o único necessário. Não é mais a oração ou o silencia, recolhimento ou conversação, ler ou escrever, reflexões ou cessação de pensamentos, fuga ou busca dos livros espirituais, abundância ou penúria, abatimentos ou saúde, vida ou morte, é tudo aquilo que cada momento produz pela ordem de Deus. Eis aí o despojamento, a renúncia, a renúncia ao criado, não real mas afetivo, para nada mais ser por si e para si, para ser em tudo sob a ordem de Deus e para lhe agradar, fazendo seu único contentamento ser levar o momento presente como se não houvesse no mundo outra coisa a alcançar.
Se tudo que se passa com a alma abandonada é o único necessário, vê-se bem que nada poderia lhe faltar e que ela não deve jamais se queixar, a não ser, se ela o faz, que lhe falte fé e viva pela razão e os sentidos que não vêem jamais esta suficiência da graça, e não estão satisfeitos. Santificar o nome de Deus, é, segundo a expressão da Escritura, reconhecer sua santidade, adorá-lo, amá-lo em todas as coisas que procedem da boca de Deus como palavras. Aquilo que Deus faz a cada momento é uma palavra que significa uma coisa; assim todas aquelas onde intima sua vontade são do mesmo modo nomes e do mesmo modo palavras onde ele nos mostra seu desejo. Esta vontade só é uma una nela mesma; ela só tem um nome desconhecido e inefável, mas ela é multiplica ao infinito em seus efeitos que todos do mesmo modo nomes que ela toma. Santificar o nome de Deus, é conhecer, é amar, é adorar este nome inefável que é sua essência; é também conhecer, adorar e amar sua adorável vontade em todos os momentos, em todos seus efeitos, observando tudo isso como tantos véus, de sombras, de nomes desta vontade eternamente santa. Ela é santa em todas suas obras, santa em todas suas palavras, santa em todas as maneiras de aparecer, santa em todos os nomes que porta. É assim que Jó abençoou o nome de Deus. Esta desolação universal que lhe significou sua vontade foi bendita por este santo homem ; ela a denominou não uma ruína, mas um nome de Deus, e em bendizendo-a ele protestou que esta divina vontade, significada pelas aparências as mais terríveis, era santa, qualquer forma, quaisquer nomes que tomasse (Jb. 1, 21). Do mesmo modo Davi bendisse em todos os tempos e a cada momento (Sl. 71, 17-19). É portanto por esta contínua descoberta, por esta manifestação, esta revelação da divina vontade de Deus em todas as coisas, que seu reino está em nós, que ela faz na terra o que faz no céu, que nos nutre incessantemente (Mt. 6, 9-11). Ela compreende e contém toda a substância desta incomparável oração ditada por Jesus Cristo; recita-se ela muitas vezes por dia vocalmente, segundo a ordem de Deus e da santa Igreja, mas pronuncia-se ela a todos os momentos no fundo do coração, quando se ama sofrer e e fazer o que é ordenado por esta adorável vontade. O que a boca não pode pronunciar a não ser por sílabas, palavras, e com tempo, o coração o pronuncia realmente a cada instante, e as almas simples são assim aplicadas a bendizer Deus no fundo de seu interior. Elas gemes de sua impotência de não poder fazer de outro modo, é tão verdade quanto Deus dá a estas almas de fé graças e favores por isto mesmo que parece a privação. Eis aí o segredo da sabedoria divina, empobrecer os sentidos enriquecendo o coração; o vazio de um faz a plenitude do outro e isso tão universalmente que quanto mais santidade no fundo, menos disto aparece fora.
O que se passa a cada momento leva a marca da vontade de Deus. Quão santo este nome! que é justo bendizê-lo, tratá-lo como uma coisa que santifica aquilo que designa! Pode-se então ver o que porta este nome sem estimá-lo infinitamente? É uma maná divino que desce do céu para dar um crescimento contínuo na graça; é um reino da santidade que vem na alma; é o Pão dos anjos que se come sobre a terra como no céu; nada há de pequeno em nossos momentos, posto que todos guardam um reino de santidade, um alimento angélico.
Sim, Senhor, que o reino venha em meu coração para santificá-lo, nutri-lo, purificá-lo, torná-lo vitorioso de meus inimigos. Precisos momentos, quão pequenos a meus olhos, como são grandes aos olhos de meu coração! Mas o meio de receber pequenas coisas da mão do Pai que reina nos céus! Tudo aquilo que vem daí é excelente, tudo que disto descende porta o caráter de sua origem.