Cassiano — CONFERÊNCIAS
Segue-se uma tradução das célebres Conferencias de João Cassiano, — a começar pela Primeira e a Segunda do Abade Moisés, — pelas quais se tem uma visão de conjunto dos “ensinamentos e preceitos” dos antigos Pais do Monaquismo. Publicados nos meados do Séc.V, elas representam uma das mais completas exposições sobre a vida espiritual cristã dentro do quadro monástico. Por isto mesmo, tornaram-se logo um texto clássico de leitura e meditação dos monges do Ocidente, e figuram expressamente na Regra de São Bento (cc. 42 e 73).
A presente tradução foi feita do latim, do texto critico da coleção Sources Chrétiennes. A tradução francesa que também figura nessa coleção e é devida a Dom E. Pichery, monge beneditino da abadia de São Paulo, de Wisques, ajudou muitas vezes a dirimir certas dúvidas ou a inspirar a expressão, mas não foi dela, mas, sim, do original latino, que a presente versão foi feita. Preferimos ser o mais possível próximos do texto de Cassiano, tentando conservar, sempre que podíamos, a terminologia monástica em uso nos meios tradicionais, e certos arabescos do fraseado, e repetições às vezes fatigantes do original, o que sem dúvida, sobrecarregou a nossa versão. Foi, porém, esta uma opção que fizemos. Se correta ou não, digam-nos os irmãos e irmãs, a quem dedicamos o nosso modesto trabalho, no qual somos os primeiros a ver falhas e durezas. Confiamos, porém, à colaboração e à crítica dos destinatários a possibilidade de uma futura tradução mais feliz, ut in omnibus glorificatur Deus.
O tradutor
Abadia de S. Sebastião da Bahia, na Quaresma de 1984
Jean-Yves Leloup: LES COLLATIONS DE JEAN CASSIEN
Cerca de 17 horas: alguns homens saem silenciosos de suas células; chegam a uma peça maior onde está armada uma mesa. Antes de ter seu alimento, se voltam juntos para a Fonte de tudo o que vive e respira…
A oração terminada, cada um recebe uma pedaço de pão, um copo de água e excepcionalmente, algumas noites, um pouco de sal. É o que se chama ordinariamente uma «colação». Mas estes homens não se alimentam somente de pão, um pouco de água fresca não mata todas as suas sedes. Têm fome de Palavra, demandam um ensinamento e demandam aos mais anciãos um pouco de Sentido, um como de Água Viva… O dom de uma Palavra, frequentemente simples, em resposta a suas questões, é também o que se chama em Cassiano uma «colação».
Os textos que se reúnem nas Conferências (Colações) de João Cassiano são um eco destas «Colações»: depois de serem satisfeitos de pão, os monges se reúnem ao redor do Ancião para interrogá-lo sobre o sentido e as dificuldades de suas vidas.
As questões que colocam estes jovens são hoje em dia ainda as nossas:
*Qual a meta da vida?
*A meta sendo definida, como aí chegar, qual é o meio, o método?
*Para chegar a esta meta é preciso se retirar do mundo, renunciar à ação pela contemplação, posto que o Cristo disse àquela que estava assentada a seu lado e que escutava Sua Palavra, «que ela escolhera a melhor parte e que dela isto não seria retirado»? Mas não disse Ele também que «tudo o que fazemos ao menor dentre nossos irmãos, é a ele que nós o fazemos»?
*Como discernir? Guardar o equilíbrio?
*A que se deve renunciar? É assim necessário?
*Que lugar dar à amizade e ao amor em nossa busca espiritual?
*O que é a oração? A contemplação? Como sair da fragmentação de nosso mental, da dispersão onde nos conduz a multitude de nossos pensamentos e de nossos desejos?
CONFERÊNCIAS (COLLATIO):
*PREFÁCIO
*COLLATIO I
*COLLATIO II
*COLLATIO XIV
*COLLATIO XV
*COLLATIO XVI
*COLLATIO XVII