Amar o próximo [JBCP]

A ESTRUTURA METAFÍSICA DA CARIDADE EM SUA ORDEM HUMANA

X — O Amor ao próximo

Introdução

O segundo mandamento não é separável do primeiro (v. Primeiro Mandamento). Eis o que ensina toda a Escritura. O amor de Deus não se dá sem o amor do próximo, nem o amor do próximo sem o amor de Deus. Este único amor logo tem duas dimensões; as separar, é as destruir, quer dizer destruir o amor que é sua união crucificante.

Mas as confundir, é também as destruir, uma e outra, arruinando sua razão de ser. O amor não é não importa o que. Não amo Deus como amo o próximo. Logo é preciso amar Deus de todo si mesmo (corpo, alma, espírito), quer dizer mais que si mesmo, porque ele é mais eu-mesmo que eu. É preciso amar o próximo como si mesmo. O que supõe que se ama si mesmo. Ora para se amar si mesmo, é preciso amar Deus. O amor de si, que é a medida do amor do próximo só é fundado e possível pelo amor de Deus que é sem medida. A causa pela qual amo Deus, dizia Bernardo de Clairvaux, é Deus ele mesmo; a medida deste amor, é o ser sem medida. Com efeito, o amor de si mesmo é sempre o amor de uma criatura, logo de uma limitação e de uma imperfeição. Logo o amor de si só é possível se esta imperfeição é como apagada, per-doada, resgatada pela Toda-Perfeição divina na qual o amor de Deus me faz entrar. Senão só pode haver ódio de si, logo amor próprio, quer dizer o amor de apropriação, não é mais então que uma modalidade.

SEÇÃO I A CARIDADE FRATERNAL NA SUA ORDEM OBJETIVA
1) A caridade da ação
2) Em qual condição a caridade objetiva é uma via espiritual?
3) Universalidade e limite da caridade na sua ordem objetiva

SEÇÃO II A CARIDADE FRATERNAL NA SUA ORDEM SUBJETIVA
1) A regra de ouro
2) QUE É O PRÓXIMO?
3) O amor não criado pela relação de proximidade
4) O amor do próximo pressupões o amor de si