JACOB BOEHME — Franz Hartmann — Cristianismo Pessoal
Retiradas do estudo de Franz Hartmann sobre Boehme, traduzido e oferecido pela SCA.
“A vontade da alma é livre, e ela pode mergulhar no nada de si mesma e se conceber como o nada, quando irá despontar como um ramo da árvore da vida divina, e provar do amor de Deus; ou poderá em sua vontade-própria surgir no fogo e desejo de se tornar uma árvore separada”. (Quarenta Questões… II. 2).
“O Homem era uma individualidade mista, destinada a ser uma imagem de acordo com o mundo interior e também de acordo com o mundo exterior; mas como o símbolo de Deus, deveria governar com a consciência interior sobre a consciência exterior”. (Menchwerdung I 3 13).
“Não se pode permitir que a constelação (influências astrais) do macrocosmo governe o homem; ele possui em si sua constelação própria (o espírito, a ideia), capaz de sintonizar-se à harmonia do alto e à evolução do mundo divino”. (Cartas, I 8).
“Todo o desejo do homem deveria ser colocado na luz; então a luz teria se mostrado em suas essências e desejo, preenchendo todas as coisas como se fosse uma só vontade”. (Tilk, I 542).
“A alma de Adão poderia ter governado poderosamente sobre o princípio externo, caso tivesse entrado novamente com sua vontade no coração de Deus, na palavra do Senhor”. (Quarenta Questões… IV 2).
“O mundo externo também é de Deus e pertence à Deus; o homem foi criado ali, para que pudesse trazer novamente o externo para o interno; o fim para o princípio”. (Cartas, XI 18).
“Adão também foi criado na qualidade externa, para manifestar em formas e executar em obras aquilo que havia sido percebido na sabedoria eterna”. (Encarnação de Cristo…, I 4).
“O Homem foi criado no Paraíso, que brotou sobre a terra, e da terra do paraíso foi criado o corpo de Adão, pois ele era um senhor da terra; ele estava destinado a revelar as maravilhas da terra. Se esse não fosse seu propósito, Deus o teria dotado de um corpo angélico; mas nesse caso o ser substancializado com suas qualidades maravilhosas não seria revelado”. (Encarnação de Cristo…, II 12).
“O homem permanecia nos três princípios, que se encontravam em igual concordância dentro dele, mas não fora dele; pois o mundo de trevas tinha um desejo diferente daquele do mundo de luz; da mesma forma, o mundo externo tinha um desejo diferente daquele do mundo de trevas e do mundo de luz. Assim, a imagem de Deus estava entre os três princípios, onde todos em seu desejo eram condutores àquela imagem. Cada um deles queria se manifestar em Adão, para tê-lo em seu próprio regimento ou como governador, e para manifestar suas maravilhas através dele”. (Mysterium, XVII 34).
“No homem primordial, antes da queda, as qualidades para a diferenciação e auto satisfação estavam em igual poder-vontade, e o desejo de cada uma era introduzido na unidade de Deus. Isso provocou a inveja do demônio e ele enganou as sete qualidades da vida, despertando nelas um desejo pervertido, persuadindo-as de que eram boas, e que se tornariam sábias, se as qualidades de cada uma de acordo com sua espécie, entrasse em harmonia própria, e que nesse caminho o espírito provaria e reconheceria o bem e o mal”. (Tabulae Principice, 68).
“A alma de Adão apaixonou-se pela criação da palavra formada em sua diferenciação, sem a conscientização do poder de distinção, ela entrou na concupiscência, na diferenciação”. (Grace, VI 33).
“A alma queria conhecer como seria se a temperatura se separasse, ou seja, se dividisse, como o calor e o frio, a umidade e a secura, a dureza e a moleza, o azedo e o doce, o amargo e o salgado; ela queria provar estas e as outras qualidades separadamente, embora isso tivesse sido proibido a Adão, por Deus”. (Grace, III 34).
“O espírito de Adão buscava o fruto terrestre, pertencente à natureza da terra corrupta, portanto a natureza formou para ele uma árvore semelhante à terra corrupta; pois Adão era o coração na natureza; desta forma, ele auxiliou na formação dessa árvore, da qual desejava comer”. (Aurora, XVII 20).
“A árvore da tentação cresceu pelo poder da fome de auto conhecimento do bem e do mal. Não se pode dizer que se tratava de alguma outra espécie de produto, diferente do resto das árvores; a diferença é que estava manifestado ali o desejo terrestre de consciência do bem e do mal; enquanto que as outras árvores e plantas encontravam-se penetradas pelo santo e paradisíaco Mercúrio, de modo que as qualidades estavam em igual harmonia; o calor e o frio não estavam manifestados de forma separada”.(Cons. Stiefel… II. 80).
“Na árvore do auto conhecimento do bem e do mal havia as qualidades em maldição, como acontece agora, ou seja, cada uma delas estava manifestada em si mesma, buscando preponderar. Elas saíram de sua harmonia, e desta forma todos os três princípios estavam manifestados naquela árvore, separadamente. Portanto, Moisés (sabedoria) a denomina árvore do conhecimento do bem e do mal”. (Mysterium, XVII 15)
“A Razão (o raciocínio do homem) diz: ‘Por que Deus permitiu que Adão extraísse a árvore da tentação da terra, através de sua imaginação?’ O Cristo diz: ‘Se você tiver fé do tamanho de uma semente de mostarda, e disser à montanha: mova-se para o mar; assim será feito’. A alma-espírito (alma espiritual) foi produzida da onipotência divina, do centro da natureza eterna, onde todos os seres foram criados. Por que então não seria ela poderosa? Ela era uma centelha de fogo emanada do poder de Deus, mas depois de ter sido reunida num ser criado (individualizada como um organismo) deu passagem a seu próprio desejo egoísta, rompendo-se com o todo, causando corrupção em si mesma. O poder da alma, antes da invasão da vaidade, era tão grande que não podia ser subjugado a nada; o mesmo ocorreria agora, hoje mesmo, se a compreensão não tivesse sido retirada”. (Mysterium, XVII 41).
“A previsão divina reconheceu que o demônio estava preste a separar a humanidade, introduzindo-a no desejo demoníaco; portanto, Deus colocou diante dela a árvore da vida e a do conhecimento do bem e do mal; com isso deu-se início à ruptura (morte) do corpo externo. Ele assim o fez para que o homem buscasse o centro do mundo de trevas” (Mysterium, XVII 38).