“A Ciência não pode abolir a FÉ no Deus Providencial, sem idolatrar em Seu lugar o intelecto cego”.
“A verdadeira FÉ ocorre quando o espírito da alma entra com sua vontade e deseja naquilo que não vê e não sente”. (Four Complexions, 85)
“Não pretendo afastar os homens do Verbo enquanto escrito e ensinado; mas meus escritos pretendem conduzi-los de uma mera crença histórica para uma FÉ viva, ao próprio Jesus Cristo (a Luz e a Verdade). Toda pregação e ensinamento é inútil se não passar de conversa, e se o pregador ou mestre não tiver o poder de Cristo, se não é o Cristo propriamente dito por meio do Verbo, que age dentro daqueles que ensinam e daqueles que ouvem”. (Richter, 45).
“Deus”, segundo Boehme, é “a vontade da sabedoria eterna”. Se fortalecer em Deus é se fortalecer naquela vontade à qual se entrega o sábio. Esta é a verdadeira FÉ, da qual Boehme diz que: “não se trata apenas de um certo método de pensar, ou a crença em certas ocorrências históricas, mas no recebimento do espírito e poder de Cristo no ser”. (Cartas, XLVI. 39).
“O demônio era um anjo; seu dever era colocar sua imaginação (FÉ) na luz de Deus. Nesse caso teria recebido a substancialidade divina em sua imaginação e sua luz permaneceria luminosa. A fonte fogo teria permanecido naquela essência e qualidade; ele teria permanecido um anjo”. (Tilk I. 187).
“A Razão (o raciocínio do homem) diz: ‘Por que Deus permitiu que Adão extraísse a árvore da tentação da terra, através de sua imaginação?’ O Cristo diz: ‘Se você tiver FÉ do tamanho de uma semente de mostarda, e disser à montanha: mova-se para o mar; assim será feito’. A alma-espírito (alma espiritual) foi produzida da onipotência divina, do centro da natureza eterna, onde todos os seres foram criados. Por que então não seria ela poderosa? Ela era uma centelha de fogo emanada do poder de Deus, mas depois de ter sido reunida num ser criado (individualizada como um organismo) deu passagem a seu próprio desejo egoísta, rompendo-se com o todo, causando corrupção em si mesma. O poder da alma, antes da invasão da vaidade, era tão grande que não podia ser subjugado a nada; o mesmo ocorreria agora, hoje mesmo, se a compreensão não tivesse sido retirada”. (Mysterium, XVII 41).
“O demônio disse-lhe que o fruto não iria prejudicá-la, mas que os olhos de sua compreensão se abririam, e ela seria como Deus. Ela pensou que seria bom ser uma deusa e consentiu. Ao consentir, caiu da harmonia, da paz e da FÉ divina, penetrando com seu desejo na serpente e na astúcia, o desejo e a vaidade do demônio”. (Mysterium, XX 25).
“Depois da queda, Iahweh pronunciou o nome de Jesus em Adão numa vida real; ele o manifestou no ser celeste, enfraquecido por conta do pecado. Em consequência desse pronunciamento, houve um despertar da morte espiritual ou do estado de morte, onde Adão havia mergulhado; um desejo divino foi novamente despertado, era o princípio da FÉ. Esse mesmo desejo separou-se da qualidade do falso desejo, formou uma imagem e Abel veio à existência; mas Caim era o produto da qualidade da alma de Adão, de acordo com sua luxúria terrestre”. (Grace, IX 101).
“Isaac não foi feito inteiramente de essência celeste, mas de ambas, ou seja, da essência Adâmica de Abraão e da palavra concebida da FÉ, ou a substância do Cristo; mas Ismael tinha apenas a natureza própria de Adão, de acordo com a qualidade corrupta, e não da palavra concebida da FÉ, que estava atuando com força superior sobre Isaac”. (Mysterium, XL 13).
“Tanto Esaú como Jacó, além das suas raças descendentes, originaram-se de uma semente. O primeiro, procedendo unicamente da natureza Adâmica, era o maior, comparável ao primeiro homem que Deus criou em sua própria imagem; imagem que se tornou corrupta e morta com relação a Deus. O outro (Jacó) também procedeu da mesma natureza Adâmica; mas nesta natureza encontrava-se o reino da graça na essência da FÉ, constituindo um conquistador. Mesmo que o último fosse inferior, segundo a natureza Adâmica, no entanto, Deus estava (mais) revelado em Jacó, de modo que o maior deveria servir e se subjugar ao menor. Não é mostrado que Esaú tenha se subjugado a Jacó, mas a história representa-nos um símbolo espiritual, mostrando como o reino da natureza no homem deveria subjugar-se e submeter-se em humildade ao reino da graça; mostra como se tornaria inteiramente submerso na humildade divina, e como desta humildade se tornaria regenerado”. (Mysterium, LII 29).
“De Esaú segue-se Jacó como a imagem do Cristo, concebido na essência da FÉ e assegurando-se no calcanhar de Esaú. A imagem Adâmica criada por Deus havia primeiro que nascer e viver eternamente, mas não em seu estado animal e grosseiro de existência. Com a expressão ‘Jacó apegando-se ao calcanhar de Esaú’, está simbolizado que o outro Adão, ou seja, o Cristo, deveria nascer depois do primeiro Adão, e alcança-lo por trás, atraindo-o de volta da direção de sua vontade própria para a primeira matriz, onde a natureza originou-se, a fim de que renascesse”. (Mysterium, LII 37).
“Os gentis adoravam o sistema planetário e os quatro elementos; eles tinham o conhecimento de que esses regiam a vida externa de todas as coisas. Assim, através da palavra concebida intelectualmente penetravam a igualmente a palavra concebida e formada (manifestada). Por outro lado, o espírito da palavra formada da natureza tornou-se parte deles, sendo que um intelecto passava para o outro. O intelecto humano movimentou a inteligência com a alma do mundo externo tão longe o desejo deste permitiu, e através desta inteligência (que reside na luz astral ou mente do mundo externo) o espírito profético para fora do Espírito de Deus indicando a eles, como que nos tempos futuros a palavra formada da naturezxa externa se manifestaria na construção e na destruição dos reinos, etc. Fora desta alma do mundo, os gentis recebiam respostas através de suas imagens e ídolos, porque a FÉ que introduziram neles tão fortemente, os movimentavam; esta não foi, portanto, uma total obra do demônio, como”. supunham aqueles que, nada sabendo sobre os mistérios, tornam o demônio responsável por tudo, enquanto ignoram até mesmo o que Deus e o diabo são”. (Mysterium, XXXVII 10-13).
“Todo sacrifício sem FÉ e desejo divino é uma abominação diante de Deus, e não alcança o portão da glória divina; mas se o homem penetrar ali com o poder da FÉ, renderá ao ato sua vontade livre e seu desejo, e através desta instrumentalidade, penetrará a vontade livre e eterna de Deus”. (Mysterium, XXVII 13).
“Por que os irmãos (Caim e Abel) desejaram fazer sacrifício a Deus, sendo que o pacto só é encontrado no sincero desejo pela misericórdia de Deus, na oração e no convencimento do próprio homem da necessidade de abandonar sua vontade própria e demoníaca, da necessidade de transformar e arrepender-se e de trazer sua FÉ e esperança para a misericórdia de Deus? A vontade livre da alma é tênue como um nada; ainda que seu corpo (material) esteja envolvido por algo (substancial), sua essência concebida e própria encontra-se num estado de falso desejo, devido ao pecado. Se, então, essa vontade livre, com seu desejo (acompanhada pelo) deve atuar em direção a Deus, terá, em primeiro lugar, que se projetar de seu próprio algo ilusório, e toda vez que de lá se projetar, estará nua e impotente, e novamente dentro do nada original. Se a vontade deseja penetrar em Deus, deve morrer para seu próprio egoísmo e deixar o (eu) ilusório; toda vez que a vontade abandona o eu, fica como que nada e não pode agir, lutar ou realizar nada. Se a vontade deseja mostrar seu poder, deve estar dentro de algo onde possa conceber e formar a si mesma, como é o caso da FÉ; pois, se há uma FÉ ativa, então essa FÉ deve conceber algo (ter algum objeto) onde possa agir. Até mesmo a vontade livre de Deus concebeu a si mesma (tem como objeto) o mundo espiritual interno, através do qual atua. Assim, a vontade livre da alma do homem, tendo sua origem no abismo (a vontade incognoscível e primordial), deve conceber a si mesma em algo, a fim de manifestar-se e movimentar-se diante de Deus”. (Mysterium, XXVII. I 4-6).
“A alma, ou seja, a boca da FÉ dentro da alma, provou a doce e divina graça na hora do sacrifício, não como uma substância, mas no poder (espiritualidade) e no conhecimento antecipado de realizações futuras, quando aqueles poderes se tornariam manifestos na carne. Assim, o corpo comeu do pão e da carne abençoados, onde encontrava-se o poder da graça, ou seja, a imaginação do pacto. Desta forma, os “Judeus” comeram da carne de Cristo e beberam Seu sangue, simbolicamente, pois o poder ainda não havia se tornado carne e sangue; mas eles desfrutaram da palavra da graça que mais tarde tornou-se humano”. (Communion, I 34).
“Os santos, que colocaram sua FÉ no Messias, receberam então o elemento puro para um novo corpo, de acordo com a promessa. Pois, como o herói prometido penetrou a morte através da vida, suas almas se revestiram do corpo de Cristo, como num novo corpo, e viveram Nele através de Seu poder. Eram eles os santos patriarcas e profetas, que neste mundo foram ungidos no poder do Verbo de Deus, esmagando a cabeça da serpente e quem, pelo poder do Verbo havia profetizado e realizado milagres. Eles tornaram-se vivos no poder de Cristo”. (Three Principles, XXIV 52).
“Os patriarcas judeus não conheceram o Cristo na carne, mas apenas em seu protótipo, e se revestiram unicamente do poder que possuíam, procedente do primeiro pacto incorporado e verbo; mas agora se revestiram em Sua substância, pois todos aqueles que colocaram sua FÉ Nele e se revestiram do pacto no espírito, nestes o pacto fora preenchido com substância celestial. Portanto, muitos se elevaram com Ele após a sua ressurreição, e se fizeram visto em Jerusalém, para testemunharem de que foram elevados em Cristo”. (Grace, X 45)
“Não havia necessidade de remover uma pedra para liberar o corpo do Senhor da tumba. Isso ocorreu unicamente para mostrar aos judeus a tolice de imaginarem poder brecar Deus, e também para os discípulos de pouca FÉ, para que pudessem ver que Cristo havia verdadeiramente se elevado”. (Three Principles, XXV 85).
“A regeneração espiritual, não depende de aprendizado ou conhecimento científico; é preciso haver uma intensa e poderosa sinceridade, uma grande fome e sede pelo Espírito de Cristo. A ciência pura não é FÉ; a FÉ é uma intensa fome e sede por aquilo que desejo, de modo que se forma numa imagem dentro de mim, e pela avidez de minha imaginação torna-se minha propriedade. Essa fome e desejo moldam a substância de Cristo, sendo ele a substância celestial, na imagem enfraquecida, onde a palavra do poder de Deus é a vida ativa”.
“Enquanto o Cristo se alimenta da FÉ e da oração de nossa alma, a FÉ humana, juntamente com a oração e o louvor a Deus, torna-se corporal na palavra do poder; esse novo ser passa a ser um com a substância da corporeidade celestial de Cristo, o corpo eterno de Cristo”. (Mysterium, LXX).
“Que ninguém pense que a árvore da FÉ Cristã possa ser vista ou conhecida no reino deste mundo. O homem externo não a reconhece, e mesmo que o Espírito Santo se manifestasse no espelho exterior, a vida externa tornar-se-ia satisfeita e tremeria de prazer, e pensaria ter recebido o convidado esperado; ela então acreditaria, ainda que não ocorra ali uma duração perfeita; o Espírito de Deus não permanece constantemente na mente terrestre. Ele quer ter um vaso limpo, e sempre que retorna a seu princípio — sendo este a verdadeira imagem — o ser externo torna-se duvidoso e cheio de medos”. (Menschwerdung, CXI 8).
“A vontade, quando reta, é FÉ, e como tal pode dar ao corpo uma nova forma, de acordo com o espírito externo; pois o homem interior é o senhor do exterior; este tem que obedecer o primeiro, e o interior pode colocá-lo sob nova forma, mas não permanentemente”. (Forty Questions, VI 10).
“Sempre que Deus conduz seus filhos para a turbulência e a angústia, eles ali estão para produzirem um novo ramo na árvore da FÉ. Sempre que o Espírito de Deus aparece apresenta um novo crescimento, do qual a nobre imagem é extremamente satisfeita”. (Menschwerdung, CXI 8).
“O reino celeste nos santos é ativo e consciente em sua FÉ, por onde sua vontade se integra a Deus; mas a vida natural é cercada pela carne e pelo sangue e está relacionada, ao contrário, à cólera de Deus. Assim, a alma está sempre na angústia quando o inferno precipita-se sobre ela, desejando nela se manifestar; mas ela mergulha na esperança da graça divina, e permanece como uma bela rosa entre os espinhos, até que na morte do corpo o reino deste mundo dela se afasta. Só então, quando não há mais nada que a obstrua, ela será plenamente manifestada no reino de Deus”. (Supersensual Life, XXXIX).
“O motivo pelo qual nossos antepassados aparecerem, de vez em quando,de forma maravilhosa, deve ser encontrado na FÉ dos vivos; pois a FÉ é um poder que move montanhas. A FÉ das pessoas vivas ainda era boa e pura, e elas não adoravam seus ventres ou o show terrestre. Portanto, a FÉ destas pessoas penetrou o céu; ou seja, o elemento único, os santos. Assim, uma FÉ alcança a outra; pois os santos também reagem a esta FÉ poderosa, especialmente aqueles que, sobre a terra, converteram muitos para Deus. É desta forma que obras maravilhosas tem sido realizadas pela invocação da memória dos santos”. (Three Priniples, XVIII 80).
“Uma FÉ alcança a outra. A FÉ do vivo pega a FÉ dos santos, e a FÉ realiza o milagre. A FÉ pode remover montanhas. Poderia destruir o mundo, se Deus a dirigisse”. (Forty Questions, XXVI).
“O nada, onde o demônio reside. A dúvida é a negação daquela FÉ que é Deus. É o resultado do egoísmo e da cegueira que não permite ao homem reconhecer a possessão do que ele já tem”. (Threefold Life, XIV 41).
“Deus é o centro do homem, mas ele reside apenas em si mesmo, a menos que o espírito do homem torne-se um espírito com Deus; neste caso, ele se tornará manifesto na natureza humana, na alma, na mente e no desejo, por onde se tornará perceptível aos sentidos interiores do homem. A vontade envia os sentidos para Deus, e Deus grava os sentidos e se torna um ser com eles. Então, os sentidos passam a carregar o poder de Deus para a vontade, e a vontade os recebe com gratidão, mas com tremor; pois reconhece ser indigna e sabe que vem de uma morada instável. Assim, ela recebe aquele poder ao mergulhar-se diante de Deus e de seu triunfo surge a doce humildade. Essa é a verdadeira essência de Deus, e essa essência concebida na vontade é o corpo celestial, e é chamado de FÉ verdadeira e justa, recebida pela vontade, no poder de Deus. Ela mergulha na mente e reside no fogo da alma”. (Menschw. X 8).