Boehme: estrelas

“O espírito do homem não veio meramente das ESTRELAS e dos elementos; ele traz oculta em si uma centelha da luz e do poder de Deus. Não é à toa que Moisés (Gênesis I) diz: “Deus criou o homem à Sua própria imagem. Para ser Sua própria imagem Ele o criou”. (Aurora, Prefácio, 96).

“Assim como o olho do homem busca as ESTRELAS de onde teve sua origem primitiva, a alma penetra e vê no estado divino do ser, onde vive”. (Aurora, Prefácio, 99).

“Não imaginem esses sete espíritos como as ESTRELAS, vistas uma ao lado da outra no céu; todos são como que um espírito. Da mesma forma, o corpo do homem possui vários órgãos, mas cada órgão participa do poder dos outros”. (Aurora, X.40).

“Os sete candelabros na Revelação de São João referem-se aos sete espíritos na Divindade, também as sete ESTRELAS. Os sete espíritos estão no centro do pai, o seja, no poder do Verbo. O Verbo transforma a cólera em doce satisfação e lhe confere a forma de um oceano cristalino; ali os sete espíritos aparecem numa forma que queima, como sete tochas luminosas”. (A Vida Tríplice…, III 46).

“Se o leitor considerar a profundeza do céu, as ESTRELAS, os elementos e a terra, não irá, com certeza, ver com seus próprios olhos, a Divindade pura e cristalina, embora Deus esteja ali, dentro de tudo isso; mas se você elevar seus pensamentos e direcionar sua mente a Deus, que em Sua santidade governa com o Todo, estará então penetrando o céu e alcançando o próprio coração sagrado de Deus”. (Aurora, XXIII. II).

“Antes da criação do céu, das ESTRELAS, dos elementos e também antes da criação dos anjos, não havia nada senão a Divindade, reproduzindo a si mesma, doce e amorosamente, concebendo de sua própria imagem”. (Aurora, XXIII. 15). 47

“Até o terceiro dia depois da ignição da cólera de Deus no mundo, a natureza permaneceu na ansiedade, e era um vale de trevas na morte; mas no terceiro dia, quando a luz das ESTRELAS começou a se acender na água da vida, a vida rompeu a morte, e uma nova geração teve início”.(Aurora, XXIV. 41).

Deus, a luz eterna e a vontade eterna, brilha nas trevas e as trevas capturaram a vontade (recebeu sua atividade). Nessa vontade surgiu a ansiedade, e nela está o fogo, e no fogo a luz. Assim, as ESTRELAS foram produzidas do fogo; o sol, do poder dos céus”. (Três Princípios… VIII. 22).

“No quarto dia, Deus criou de Sua sabedoria eterna, o senhor do terceiro princípio (o mundo visível), o sol e as ESTRELAS. Vê-se aqui claramente a Divindade e a sabedoria eterna de Deus, como num espelho claro. Esse ser, visível diante de nossos olhos, não é Deus propriamente dito, mas um Deus no terceiro princípio, que irá finalmente retornar ao seu éter e ter um fim”. (Três Princípios… VIII.13).

“Na morte, no centro, no corpo ou ainda na substância corporal da terra, Deus despertou a tintura, com seu brilho, esplendor e luz, onde está contida a vida da terra; mas na profundeza acima do centro Ele deu o sol, que é uma tintura de fogo, e que com seu poder, alcança a liberdade fora e além da natureza, e de onde a natureza recebe seu esplendor. Ele é a vida de todo o círculo das ESTRELAS, e todas essas ESTRELAS são Seus filhos. Não que ele contenha suas essências, mas a vida deles surgiu de seu centro, no princípio”. (A Vida Tríplice… IV. 27).

“O sol é o coração de todos os poderes nesse mundo, e está configurado segundo os poderes de todas as ESTRELAS, enquanto que, por outro lado, ele ilumina e vivifica todas as ESTRELAS e poderes neste mundo”. (Aurora, VII 42).

“O sol está no meio das profundezas, ou seja, na luz ou no coração das ESTRELAS, extraído de todos os seus poderes pelo poder de Deus, trazido para a forma. Portanto, ele é a luz clara de tudo, e pelo seu brilho e calor acende todas as ESTRELAS, cada um de acordo com sua própria e especial qualidade e poder”. (A Vida Tríplice… VII.40).

“Não que chamando o sol de centro queremos dizer que todas as ESTRELAS originaram-se de um ponto central, chamado ‘sol’. O sol é o centro dos poderes das ESTRELAS, a causa pela qual se movimentam em sua essência. Ele desenvolve seus poderes e coloca seu poder dentro delas, esse poder constitui seu coração”. (Mysterium XI.32).

“Depois de Deus ter desenvolvido as ESTRELAS e os quatro elementos, foram produzidas as criaturas em todos esses quatro elementos, tais como pássaros na constelação do ar, peixes na constelação da água, animais e seres de quatro patas na constelação da terra e espíritos na constelação do fogo”. (Mysterium XLIV I).

“Todas as criaturas, foram criadas da vida de baixo e da vida de cima. A matriz da terra forneceu o corpo e as ESTRELAS, o espírito”. (A Vida Tríplice… XI 7).

“Como o espírito das ESTRELAS, ou o espírito na forma-ígnea, pelo poder de sua duração, misturou-se com o da água, de uma única essência surgiram duas essências. Uma, a masculina na forma ígnea, e a outra, a feminina na forma aquosa (estado)”28. (Três Princípios… VIII. 43).

“Se vocês observarem seu próprio ser e o mundo exterior, e o que está ocorrendo ali, descobrirão que vocês são esse mundo exterior, com relação ao ser externo. Vocês são um pequeno mundo formado a partir do grande mundo, e sua luz externa é um caos do sol e das constelações de ESTRELAS. Se assim não fosse, vocês não seriam capazes de enxergar através da luz do sol”. (Mysterium, II. 5).

“Se um homem, como imagem de Deus, deve governar os peixes, aves, animais e toda a terra, assim como as essências de todas as ESTRELAS, então ele deve ser parte dos três, pois cada espírito só pode governar em sua mãe, onde tem sua origem”. (Mysterium, XIV 8).

“O homem terrestre tinha em sua constituição o reino deste mundo, mas os quatro elementos (separados) não governavam sobre ele; eles encontravam-se em um, e a ordem terrestre das coisas encontrava-se oculta no homem. Ele deveria viver no estado celeste, e embora tudo estivesse em movimento (vivo) dentro dele, no entanto ele governava a angústia terrestre (consciência externa) através da qualidade celestial (consciência interna) do outro (segundo) princípio, para manter o domínio sobre o reino das ESTRELAS e dos elementos através da qualidade paradisíaca”. (Menschwerung I 2).

“O corpo de Adão (o corpo etéreo do homem aborígine) foi criado dos quatro elementos da natureza externa, e das ESTRELAS (da essência das ESTRELAS), por meio do Fiat eterno. Desta forma, ele estava em posse da essencialidade terrestre e divina; mas a terrestre estava na divina como que consumida ou impotente (latente). A substância ou a matéria da qual o corpo foi feito ou criado também continha o primeiro princípio em si, mas não estava em movimento”. (Encarnação de Cristo…, I 3, 15).

“Todas as coisas estavam sujeitas a Adão; seu governo estendia-se do céu à terra, a todos os elementos e ESTRELAS, pois o poder divino estava nele manifestado”40 (Mysterium, XVI 2).

“Antes de sua queda, o homem podia governar o sol e as ESTRELAS. Tudo estava em seu poder. O fogo, o ar, a água e a terra não podiam subjuga-lo; nenhum fogo o queimava, nenhuma água o afogava, nenhum ar o sufocava; tudo o que vivia o temia”. (A Vida Tríplice…, XI 23).

“No Paraíso há plantações, assim como neste mundo, mas não com a mesma tangibilidade. Lá o Céu está no lugar da terra, a Luz de Deus, no lugar do sol e o Pai Eterno no lugar do poder das ESTRELAS”. (Três Princípios…, IX 20).

“Se considerarmos corretamente a criação deste mundo e o espírito do terceiro princípio, ou o espírito do grande mundo com suas ESTRELAS e elementos, encontramos ali as qualidades do mundo eterno como que num estado de mistura; onde Deus quis manifestar as maravilhas eternas até então ocultas, trazendo-as para uma existência objetiva”. (Seis Pontos Teosóficos… II 6).

“A palavra movimentou o Fiat em todas as formas da natureza eterna, na harmonia com o mundo de luz e o mundo das trevas; assim, o desejo da qualidade dos dois mundos passaram a existir. Isso fez com que o bem e o mal tivessem sua origem na essencialidade, e através disso foi criado o mundo visível externo, com as ESTRELAS e elementos como uma vida particular”. (Cons. Stiefel…, I 31).

Deus deu ao mundo externo a luz, soprando Seu poder através dos raios de Sua luz, e com o sol e a lua governa com as coisas deste mundo. As ESTRELAS tomam a luz do sol e da lua, da radiação se derrama de Sua luz, e por meio dessa mesma luz Deus ornamenta a terra com belas plantas e flores e torna belo tudo que vive e cresce”. (Oração…, XLVII).

“Como as ESTRELAS, cheias de desejo, atraem para si o poder do sol, do mesmo modo o sol também penetra poderosamente as ESTRELAS, de modo que recebem sua luz do poder do sol. As ESTRELAS enviam novamente seu poder inflamado, como produto próprio, aos elementos”. (Grace, II 26).

“Com a criação da constelação o bem e o mal se manifestaram, pois neles está manifestado o poder ígneo e colérico da natureza eterna, assim como o poder do santo mundo espiritual, como uma essência soprada. Assim, há muitas ESTRELAS escuras que não podemos ver, e há muitas ESTRELAS brilhantes que podemos ver”87 (Mysterium, X 36).

“O bem e o mal em todas as coisas vem das ESTRELAS; e como as criaturas sobre a terra estão mergulhadas em suas qualidades, o mesmo ocorre com as ESTRELAS”. (Aurora II 2).

“Tudo o que vive e existe é despertado e trazido à vida pelas ESTRELAS, pois elas não são apenas fogo e água, mas também possuem dureza e maciez, amargura e doçura, todos os poderes da natureza e tudo o que está contido na terra”. (A Vida Tríplice… VII 46).

“A constelação é a causa das artes e da ciência, assim como de toda ordem e harmonia neste mundo, pois desperta as árvores e metais, permitindo que cresçam. Na terra estão todas as coisas contidas nas ESTRELAS; a constelação inflama a terra, e tudo isso junto é senão um espírito”88 (A Vida Tríplice…, VII 48).

“As ESTRELAS são a quinta-essência, na quinta forma dos elementos, e por assim dizer, a vida dos quatro”. (A Vida Tríplice…, VII 45).

“Cada existência deseja a outra. A que está acima, deseja a que está abaixo; a que está abaixo deseja a que está no alto. Desta forma, a terra anseia as ESTRELAS e o espiritus mundi, de modo que não tem paz”. (Clavis, 110).

“A virgem Maria alcançou uma grande perfeição, como a estrela da manhã, que é mais gloriosa que as outras ESTRELAS. Ela alcançou a perfeição e a beleza através de seu Filho, Jesus Cristo”. (Três Princípios…, XVIII 88).

“A Razão diz: ‘O corpo de Cristo está em um lugar; como poderia estar em todo lugar? Trata-se de uma criatura, e uma criatura não pode estar em todo lugar ao mesmo tempo’. Ouça, cara Razão: ‘Quando o verbo de Deus tornou-se um ser humano, no corpo de Maria, não estava ele, ao mesmo tempo, acima das ESTRELAS? Enquanto estava em Nazaré, não estava também em Jerusalém e em todo lugar? Ou pensas que Deus, enquanto Se fez homem, tenha ficado confinado à sua forma humana?’ Isso constitui uma impossibilidade e assim, enquanto Deus se tornou homem, Sua humanidade encontrava-se em todo lugar em que Sua divindade existisse”. (Três Princípios…, XXIII 8).

“O espírito desse mundo capturou o corpo, tornando-o terrestre; o corpo e a alma tornaram-se corruptos. Desta forma, não mais estamos em posse do elemento puro necessário para a formação de um corpo (puro), mas de uma protuberância dos quatro elementos em combinação com a influência das ESTRELAS. Este corpo não pertence à Divindade. Deus não Se revela num corpo impuro, mas somente no homem santo (interiormente regenerado), na pura imagem que Ele criou no princípio. Nada mais havia de ser feito além de regenerar a imagem através do coração e da luz de Deus”. (Três Princípios…, XXIII 21).

“O fundamento mais interno no homem é Cristo; mas não de acordo com a natureza humana do homem, mas segundo a natureza de Cristo, a qualidade divina em Sua essência celestial, a qual Ele regenerou. O segundo fundamento é a alma, ou seja, a natureza eterna, onde o Crksto (a luz) se revelou; e o terceiro fundamento é o homem exterior, proveniente do limus da terra com as ESTRELAS e os quatro elementos. No primeiro fundamento está a vida ativa do amor divino; no segundo fundamento está a vida-fogo natural da alma criada, onde Deus é chamado de Deus ígneo; e no terceiro, está a criação de todas as qualidades nas quais Adão permaneceu na temperatura, e que foi objetificada na queda”. (Grace, IV 37).

“Observamos o mundo eterno com suas ESTRELAS e os quatro elementos onde vivem os homens e todas as criaturas. Isso não é Deus, e não é chamado de ‘Deus’. Deus habita ali, mas a essência do mundo externo não O compreende. Da mesma forma, a luz brilha nas trevas, e as trevas não a compreende”.

Deus habita no mundo e preenche todas as coisas; no entanto, Ele nada possui. A luz habita nas trevas, mas não a possui; o dia habita na noite e a noite habita no dia, o tempo na eternidade e a eternidade no tempo; o mesmo ocorre com o homem. Ele próprio é o tempo, e vive com ele segundo seu aspecto externo; é desta mesma forma que o mundo externo existe no tempo; mas o homem interior é eternidade, mundo e tempo espiritual, tal como é criado na luz, de acordo com o amor de Deus, e nas trevas de acordo com Sua cólera. Seu espírito vive naquele princípio que nele está manifestado, seja nas trevas, seja na luz. Cada um deles habita em si mesmo; nenhum deles possui o outro; mas, se um penetra o outro e deseja possuí-lo, este o outro irá perder sua supremacia e poder. Se a luz se manifesta nas trevas, então as trevas deixam de ser trevas; e se as trevas surgem na luz, então a luz e seu poder serão extintos. As trevas eternas da alma constituem o reino do inferno; a luz eterna na alma é seu céu. O homem, portanto, é criado e vive nos três mundos. Um é o mundo das trevas eternas que surge do centro da natureza — natureza eterna — onde nasce o fogo como o tormento eterno; o outro mundo, é o da luz eterna, onde reside a alegria e o Espírito de Deus. É neste mundo de luz que o espírito de Cristo assume substancialidade humana. O terceiro mundo onde vive o homem, e do qual foi gerado, é o mundo visível externo, com seus quatro elementos, e as ESTRELAS visíveis”. (Regeneração, I).

“Enquanto o homem terrestre viver a alma estará em contínuo perigo, pois o demônio tem uma inimizade com ela, lançando seus raios com uma falsa imaginação no espírito das ESTRELAS e dos elementos; ele alcança, assim o fogo-alma, e deseja envenená-la com um desejo terrestre e demoníaco. A nobre imagem deve, neste caso, (na consciência interna do homem) levantar-se em defesa; muita luta pela coroa dos anjos se faz necessária, e sempre surge ali, dentro do velho Adão, dúvidas e descrenças”. (Encarnação de Cristo…, XI. 6).

“Algumas vezes, uma pessoa é tão mal constituída externamente, pelas influências das ESTRELAS, que estão fadadas a passarem por muitos problemas. Parar e refletir faz com que o indivíduo penetre em si mesmo e se abstenha do pecado. No entanto, não se sabe como se livra do malicioso homem exterior”. (Três Princípios…, XX 83).

“A vida que recebemos no corpo de nossa mãe pertence unicamente ao poder do sol, das ESTRELAS e dos elementos, que não só organizam o corpo da criança, dotando-o de vida, mas que também o trás à luz, o nutre e o acompanha durante toda a duração desta vida. São esses elementos que distribuem fortuna ou infortúnio, e finalmente o faz morrer e decompor-se”. (Três Princípios…, XIV 4).

“Observe o que você é. da terra; um corpo. Tua vida está sujeita às ESTRELAS e aos elementos. São eles que te governam segundo suas qualidades, dotando-o de talentos e ciências; mas quando o tempo e constelação sob os quais foi concebido e nascifo chega ao fim, então eles irão te abandonar”. (Encarnação de Cristo…, XI 6).

“A alma origina-se de três princípios; ela vive, portanto numa angústia ternária, e está presa por três laços. O primeiro laço liga a alma à eternidade e alcança o abismo do inferno (a vontade ígnea); o segundo é o reino do céu; o terceiro é a região das ESTRELAS com os elementos. O terceiro reino não é eterno, mas tem um certo período de existência; no entanto, é o reino que faz o homem crescer, dotando-o de hábitos, vontade e desejos relacionados ao bem e ao mal. Ele lhe confere beleza, riqueza e honras, e o torna um rei terrestre. Este reino permanece com ele até o fim de seu tempo, depois o abandona; da mesma forma que o auxilia a obter a vida, o auxilia na morte, libertando-o da alma astral”.

“Eleve tua mente no espírito, veja que toda a natureza, com todos os seus poderes, com sua profundidade, largura e peso, céu e terra, e tudo que ali se encontra e acima dos céus, é o corpo de Deus, e os poderes das ESTRELAS são as artérias do corpo natural de Deus neste mundo”.(Aurora, II 16).

“Nem no céu, nem na terra; nem dentre as ESTRELAS ou elementos, podemos encontrar algum caminho que nos leve ao repouso. Mal entramos na vida, e depois disso é o fim, quando nosso corpo nascerá de volta na terra e todas as nossas obras, trabalhos, ciências e glórias serão herdadas por outros, que também se incomodam por um tempo, com as mesmas coisas, e então nos seguem (para a morte). Isso ocorre desde o princípio do mundo até o seu fim. Durante nossa miséria nunca poderemos saber onde permanece nosso espírito quando o corpo cai e se torna cadáver, a menos que sejamos recém-nascidos, fora deste mundo; de modo que, embora vivamos neste mundo, em nosso corpo, habitamos na nossa alma e espírito em outra vida, nova, perfeita e eterna. Ali, um novo homem será encontrado em nosso espírito e alma, e ali deverá ele viver eternamente. Somente nesta nova forma aprenderemos a conhecer o que somos e onde está nossa verdadeira casa”. (Princípios, XXII 5).