Boehme: árvore

“A Quinta Qualidade é o verdadeiro fogo-amor, que na Luz separa-se do fogo doloroso, e onde o amor divino aparece como um ser substancial. Ele tem consigo todos os poderes da sabedoria divina; é o tronco ou o centro da ÁRVORE da vida eterna, onde Deus, o Pai, revela-se em Seu Filho através do Verbo pronunciado”. (Grace, III. 26).

“A criação nada mais é do que a revelação do Deus insondável e essencial, e tudo o que existe em sua própria evolução eterna, que não tem princípio, também está nessa criação. Mas a criação está para Deus, assim como uma maçã está para a ÁRVORE. A maçã não é a ÁRVORE, mas cresce pelo poder da ÁRVORE. Do mesmo modo tudo tem sua origem no desejo divino; o desejo é o que o faz entrar num ser. No princípio não havia nada para produzir o todo, exceto o mistério da geração eterna (evolução)”. (Assinatura…, XVI.I).

“Como não há nada perfeito exceto a ÁRVORE divina, consequentemente todas as coisas diferem uma das outras; do mesmo modo, os anjos possuem diferentes qualidades”. (A Vida Tríplice… V.90).

“Ainda hoje, o ato de criação continua, e não terá fim até a chegada do Julgamento de Deus. Então, aquilo que cresceu na santa ÁRVORE da vida irá separar-se das ervas e espinhos”. (Três Princípios… XXIII.25).

“Cada princípio é atraído pelo conhecimento e sentimentos semelhantes em seu próprio ser. Os princípios existentes na periferia atuam sobre seus princípios correspondentes no centro. Amor atua sobre amor, ódio sobre ódio; o bem é atraído pelo bem e o mal pelo mal. Se não há desejo mal ativo no homem, as influências malignas não podem criar raízes em seu coração. O demônio é a mais pobre de todas as criaturas. Ele não pode mudar uma folha de ÁRVORE sem que a cólera esteja presente”. (Pontos Teosóficos V. 15).

“Todos os seres humanos são fundamentalmente somente um homem. Este Homem é o tronco, o resto são os ramos, recebendo todo seu poder do tronco, e produzindo fruto de uma mesma raiz. Que loucura é isto, então, se o ramo quer ser uma ÁRVORE ele mesmo, como se o ramo próximo a ele não fosse do mesmo tronco. Deus deu ao homem somente uma vida, e a vida de todos os homens vêm deste único Homem”. (Mysterium Magnum, XXIV, 15).

“No Paraíso, a substância do mundo divino penetrou a substância pertencente ao tempo, comparável ao poder do sol penetrando uma fruta que cresce na ÁRVORE, dotando-a de qualidades que a tornava linda à vista e boa ao paladar”. (Mysterium, XVII 5).

“A vontade da alma é livre, e ela pode mergulhar no nada de si mesma e se conceber como o nada, quando irá despontar como um ramo da ÁRVORE da vida divina, e provar do amor de Deus; ou poderá em sua vontade-própria surgir no fogo e desejo de se tornar uma ÁRVORE separada”. (Quarenta Questões… II. 2).

“O espírito de Adão buscava o fruto terrestre, pertencente à natureza da terra corrupta, portanto a natureza formou para ele uma ÁRVORE semelhante à terra corrupta; pois Adão era o coração na natureza; desta forma, ele auxiliou na formação dessa ÁRVORE, da qual desejava comer”. (Aurora, XVII 20).

“A ÁRVORE da tentação cresceu pelo poder da fome de auto conhecimento do bem e do mal. Não se pode dizer que se tratava de alguma outra espécie de produto, diferente do resto das árvores; a diferença é que estava manifestado ali o desejo terrestre de consciência do bem e do mal; enquanto que as outras árvores e plantas encontravam-se penetradas pelo santo e paradisíaco Mercúrio, de modo que as qualidades estavam em igual harmonia; o calor e o frio não estavam manifestados de forma separada”.(Cons. Stiefel… II. 80).

“Na ÁRVORE do auto conhecimento do bem e do mal havia as qualidades em maldição, como acontece agora, ou seja, cada uma delas estava manifestada em si mesma, buscando preponderar. Elas saíram de sua harmonia, e desta forma todos os três princípios estavam manifestados naquela ÁRVORE, separadamente. Portanto, Moisés (sabedoria) a denomina ÁRVORE do conhecimento do bem e do mal”. (Mysterium, XVII 15)

“A Razão (o raciocínio do homem) diz: ‘Por que Deus permitiu que Adão extraísse a ÁRVORE da tentação da terra, através de sua imaginação?’ O Cristo diz: ‘Se você tiver fé do tamanho de uma semente de mostarda, e disser à montanha: mova-se para o mar; assim será feito’. A alma-espírito (alma espiritual) foi produzida da onipotência divina, do centro da natureza eterna, onde todos os seres foram criados. Por que então não seria ela poderosa? Ela era uma centelha de fogo emanada do poder de Deus, mas depois de ter sido reunida num ser criado (individualizada como um organismo) deu passagem a seu próprio desejo egoísta, rompendo-se com o todo, causando corrupção em si mesma. O poder da alma, antes da invasão da vaidade, era tão grande que não podia ser subjugado a nada; o mesmo ocorreria agora, hoje mesmo, se a compreensão não tivesse sido retirada”. (Mysterium, XVII 41).

“A previsão divina reconheceu que o demônio estava preste a separar a humanidade, introduzindo-a no desejo demoníaco; portanto, Deus colocou diante dela a ÁRVORE da vida e a do conhecimento do bem e do mal; com isso deu-se início à ruptura (morte) do corpo externo. Ele assim o fez para que o homem buscasse o centro do mundo de trevas”58 (Mysterium, XVII 38).

“Quando o demônio viu que a luxúria residia em Adão, ele agiu ainda mais poderosamente sobre o Salitre em Adão, e o infectou mais fortemente. Era tempo de Deus construir-lhe uma esposa, quem mais tarde faria com que o pecado fosse cometido, aquela que comeu do fruto do pecado. Ao contrário, se Adão houvesse comido da ÁRVORE antes da mulher ter sido feita dele, teria sido bem pior”. (Aurora, XVII 21)

“O santo Verbo de Deus, após a Trindade da Divindade insondável, concedeu à inteligência ígnea da alma o mandamento: ‘Não comerás da ÁRVORE do conhecimento do bem e do mal; se assim o fizerem irão morrer na imagem de Deus, no mesmo dia’. Quer dizer, ‘a alma ígnea irá perder sua luz; a mortalidade, qualidade do mundo de trevas, do centro dos três primeiros princípios, irá se aproximar e se manifestar na ÁRVORE, engolindo o Reino de Deus’” (Grace, VI 17).

“A serpente era um símbolo vivo da ÁRVORE da tentação. A ÁRVORE da tentação encontrava-se num poder mudo e a serpente num poder vivo e a serpente uniu-se à ÁRVORE, sendo de sua própria natureza”. (Mysterium, XX 20).

“Antes da queda, o paraíso florescia por todas as árvores e frutos que Deus criou para o homem. Mas quando a terra foi amaldiçoada, essa maldição penetrou todos os frutos, tornando todas as coisas boas e más. Houve morte e podridão em tudo o que anteriormente encontrava-se na única ÁRVORE, chamada de ÁRVORE do conhecimento do bem e do mal”. (A Vida Tríplice… IX 15).

“Aquilo que a imaginação do espírito penetra se torna expresso na forma corporal através da impressão do desejo espiritual. Portanto, Deus ordenou a Adão, quando ele ainda estava no Paraíso, para não se alimentar, com sua imaginação, da ÁRVORE do conhecimento do bem e do mal, para que não mergulhasse no sofrimento e na morte, morrendo para o reino do céu, como tem ocorrido atualmente”. (Baptism I 22).

“Quando Eva alcançou a ÁRVORE e arrancou o fruto, ela o fez através do limus terrestre e através da vontade da alma, que desejou o conhecimento do centro da natureza. Ao realmente comer do fruto, a essência de seu corpo, ou seja, a essência humana, tomou a essência na ÁRVORE”107. (Mysterium XX 29).

“Após Adão e Eva terem comido da ÁRVORE do conhecimento do bem e do mal, logo ficaram envergonhados, porque em suas formas etéreas surgiu uma forma animal grosseira, feita de carne comum, ossos duros e partes animais. O ser animal engoliu o estado celeste e surgiu neles como que uma criatura estranha a sua verdadeira natureza, da qual não tinham conhecimento até então”. (Mysterium, XXIII I).

“A alma não é toda vez criada nova e soprada no corpo, mas reproduzida de acordo com a lei natural humana, como um galho que cresce do tronco da ÁRVORE, ou como um grão ou semente que é plantada. Assim, a alma é plantada para que possa crescer e ser um espírito e corpo”. (Quarenta Questões…, X 4).

“Se um galho cresce de uma ÁRVORE, sua forma se aproxima a da ÁRVORE. Assim, se uma mãe gera uma criança, essa é formada em sua própria imagem”. (Quarenta Questões…, V I).

“Uma ÁRVORE má não pode produzir bons frutos. Se os dois pais são maus e estão no poder do demônio, uma alma inclinada ao mal será semeada. Seria bom que os pais lembrassem disso. Eles guardam dinheiro para seus filhos, mas se pudessem provê-los de uma boa alma, isso seria bem mais útil”. (Quarenta Questões…, X 7-9).

“Na medida em que cada um dos pais possui a essencialidade de Deus conectada em sua alma, a semente não será introduzida na Turba; pois o Cristo diz: ‘Uma boa ÁRVORE não pode produzir maus frutos’.” (Quarenta Questões…, X 5).

“Ainda que uma alma seja um galho da ÁRVORE, ela é, no entanto, um ser individual. Portanto, uma criança depois que nasce, tem uma vida própria, e o centro da natureza está dentro de seu próprio poder”. (Quarenta Questões…, VI 2).

“Ouça e veja qual era o desejo de Adão e Eva antes e depois da queda. Eles desejaram o reino terrestre e a mente de Eva estava direcionada para as coisas terrestres. Quando ela deu à luz a Caim, disse: ‘Eu tenho o Homem, o Senhor’. Ela pensou que ele era aquele cujo calcanhar esmagaria a cabeça da serpente, afastaria o demônio. Ela não pensou que deveria morrer quanto a sua vontade carnal, terrestre e falsa e renascer na vontade divina. Tal vontade (egoísta) ela carregaria com sua semente, e Adão, da mesma forma, resultando a vontade na essência-alma.145 A ÁRVORE produziu um galho de sua própria natureza, pois os pensamentos de Caim tiveram a mesma propensão, tornando-se senhor desta terra. Quando Caim viu que Abel era maior do que ele no amor de Deus, sua vontade animal livre surge com o propósito de matar Abel, pois ele preocupava-se apenas com a possessão do mundo externo, e de ser seu senhor, enquanto Abel procurava apenas o amor de Deus”. (Mysterium, XXVI 23).

“Adão, através de sua Eva, produziria ainda um novo ramo da ÁRVORE da vida, um filho, cuja imagem poderia ser similar e semelhante à Adão, chamado Set (uma raça); nele um raio da vontade-amor está preservado dentro da vontade ígnea; tal raio ainda se encontrava aprisionado pela essência do mundo externo, a casa corrupta (matéria que mais tarde se tornaria) carne”. (Mysterium, XXIX 24).

“Com Sete, a linha do pacto foi perpetuada; nela o Cristo viria a se manifestar com relação a ÁRVORE da humanidade”. (Mysterium, XXIX 26).

“Através da introdução da vontade divina o homem reúne-se a Deus e renasce em sua natureza emocional. Ele começa a morrer com relação ao egoísmo do falso desejo (dentro dele) e a se regenerar em novo poder. Ainda há a qualidade carnal atraída a ele, mas no espírito ele caminha com Deus; desta forma, nasce no homem de carne terrestre um novo homem espiritual com percepções divinas e com uma vontade divina, matando dia após dia, a luxúria da carne, e pelo poder divino, começa a render o mundo, ou seja, a vida externa; Ele começa a fazer com que o céu, ou o mundo espiritual interior, se torne visível no mundo externo; Deus torna-se homem e o homem Deus, até que a ÁRVORE, finalmente, atinja a sua perfeição, quando a casca externa irá cair, e ela aparecerá como ÁRVORE espiritual da vida no jardim de Deus”. (Mysterium, Supplement, VIII).

“Mesmo depois que a jóia preciosa é semeada, ela não se torna imediatamente uma ÁRVORE. O demônio, frequentemente, sopra sobre ela, desejando exterminar a semente de mostarda. A alma tem que enfrentar muitas tormentas. Normalmente ela se engana com o pecado, e tudo parece estar contra ela. É preciso lutar continuamente contra o demônio. Então a ÁRVORE de pérola irá crescer como a relva na tempestade e na chuva; mas quando ela cresce e dá flores, se pode ter a certeza de obter os frutos”. (Três Princípios…, XXIV 37).

“Que ninguém pense que a ÁRVORE da fé Cristã possa ser vista ou conhecida no reino deste mundo. O homem externo não a reconhece, e mesmo que o Espírito Santo se manifestasse no espelho exterior, a vida externa tornar-se-ia satisfeita e tremeria de prazer, e pensaria ter recebido o convidado esperado; ela então acreditaria, ainda que não ocorra ali uma duração perfeita; o Espírito de Deus não permanece constantemente na mente terrestre. Ele quer ter um vaso limpo, e sempre que retorna a seu princípio — sendo este a verdadeira imagem — o ser externo torna-se duvidoso e cheio de medos”. (Encarnação de Cristo…, CXI 8).

“Há dois tipos de vontade a serem distinguidas na constituição do homem. Uma surge com o lírio e cresce no reino de Deus; a outra afunda nas trevas da morte e desejos pela terra, sendo ela sua mãe. Essa irá lutar contra o lírio, constantemente, e o lírio voa para longe de sua aspereza. Um broto cresce da terra, e assim a substância da qual é formada voa da terra e é atraída para a luz do sol até se tornar uma planta ou uma ÁRVORE. Então o Sol divino atrai o lírio humano, ou seja, o novo homem em seu poder, fora da substância do demônio, até que ele finalmente se torne uma ÁRVORE no reino de Deus. Ele deixa a ÁRVORE má ou a casca cair na terra, sua mãe que tanto busca, para deixar crescer a nova ÁRVORE”. (Encarnação de Cristo…, XI 8).

“Ninguém deve querer conhecer seu estado de santidade enquanto viver neste mundo, mas continuar extraindo a seiva de Cristo de sua própria ÁRVORE, permitindo que ela dê os ramos ou brotos que escolher”. (Cons. Stiefel…, CXI 345).

“Sempre que Deus conduz seus filhos para a turbulência e a angústia, eles ali estão para produzirem um novo ramo na ÁRVORE da fé. Sempre que o Espírito de Deus aparece apresenta um novo crescimento, do qual a nobre imagem é extremamente satisfeita”. (Encarnação de Cristo…, CXI 8).

“Assim, a joia preciosa é semeada; mas, lembra-te bem, ela não se transforma imediatamente em ÁRVORE. O demônio irá, frequentemente, insinuar-se e tentará destruir a semente de mostarda; a alma terá sempre que suportar pesadas tormentas, e ser coberta com as sombras de seus pecados. Mas, se há uma batalha constantemente contra os poderes do demônio, então a ÁRVORE irá crescer e florir, e tu obterás o fruto”. (Três Princípios…, XXIV 37).

“A alma ígnea, pura como o ouro limpo, testada no fogo de Deus, é o esposo da nobre Sophia, pois ela é a tintura da luz. Se a tintura do fogo é perfeitamente pura, então a Sophia se unirá à ela e Adão receberá novamente a noiva mais nobre, que foi dele afastada durante seu sono; ele a tomará em seus braços. Não se trata de homem ou mulher, mas um ramo na ÁRVORE de pérolas que encontra-se no paraíso de Deus. Mas como a noiva recebe seu noivo na qualidade-ígnea clara e brilhante dele, e como lhe dá um beijo de amor, isso só será compreendido por aqueles que estiveram no casamento do Cordeiro. A todos os outros isso permanecerá um mistério”. (Mysterium Magnum, XXV 14).