Com isso, deixamos a Epístola apócrifa de Tiago, quando o Salvador ascende ao céu, depois do seguinte discurso, bastante característico do gênero:
“Com efeito, hoje me é necessário ocupar um lugar à direita do Pai. Acabo de vos dizer minha última palavra. Vou separar-me de vós. Pois um carro espiritual elevou-me e, a partir de agora, vou desvestir-me para me revestir. Mas estejais atentos: bem-aventurados aqueles que anunciaram o Filho antes de sua descida à terra; se eu vim, subirei novamente. Assim, três vezes bem-aventurados são aqueles que receberam a proclamação do Filho antes de terem vindo a ser: que haja um lugar para vós junto a eles”. E, com essas palavras, ele partiu (p. 14,30-15,5).
O carro espiritual evoca a imagem bíblica da ascensão de Elias, mas também o carro das almas de Platão (Timeu 41e): como o próprio Salvador, que se desveste para a sua ascensão, a alma salva se despoja de seu envoltório material (o corpo) para revestir-se com a vestimenta de glória dos novos eleitos. Para ver imagem semelhante, cf. 2Cor 5,2-4; 1Cor 15,53. O fim do texto indica certa preexistência dos eleitos junto ao Pai, onde eles compreenderam o mistério de Cristo sem ter sequer necessitado de sua encarnação. Jesus promete aos apóstolos um lugar junto a eles.