EVANGELHO DE JESUS: vis e ignóbeis = ageneton (1Co 1:28); sem genealogia = agenealogetos (Heb 7:3)
El intelecto (nous) que está en el alma (psyche) pura y amante de Dios, en realidad ve al Dios increado, invisible e inexpresable (apophasis), el único puro (katharotes) para los puros de corazón (kardia). Advertencias Sobre La Índole Humana Y La Vida Buena
Jean Meyendorff
Na terminologia de Gregório Palamas, como na dos padres gregos, é o caráter não-criado que distingue essencialmente Deus dos seres. A condição própria dos seres é o estado criado – geneton – e quando transcendem seu próprio domínio comungando com Deus, é uma vida não-criada à qual participam. (St. Grégoire – Gregorio Palamas, Jean Meyendorff. Seuil, 1976)
Ysabel de Andia: Mystiques d’Orient et d’occident
Basílio retomará o raciocínio de Atanásio contra Eunomo que queria estabelecer uma diferença de natureza entre o não-engendrado, o Pai, único verdadeiro Deus, e o Filho, o engendrado que seria, deste fato, inferior ao Pai e posterior a Ele:
“O Filho é dito e é imagem engendrada, é resplandecimento da glória de Deus… não à título de posse ou de qualidade, mas ele é substância vivente e atuante e resplandecimento da glória de Deus. Eis porque ele mostra nele mesmo o Pai inteiro, cuja glória inteira resplandece nele. Então dizer que a glória de Deus não tem resplandecimento ou que a sabedoria não estivesse sempre com Deus, que tolice!
Mas se estivesse, diz ele, ele não foi engendrado. Bem, respondamos: posto que foi engendrado, ele era (hen). O ser (einai) que possui não é não engendrado, mas é desde sempre e está com o Pai, de quem lhe vem a causa de sua existência.”
Basílio inverte o argumento de Eunomo: a geração do Filho pelo Pai, longe de implicar uma passagem da eternidade ao tempo, “é” de toda eternidade e este “ser” do Verbo que “é desde sempre” com o Pai não é engendrado. Deve-se distinguir o ser ou a substância (ousia) divina e “as propriedades distintivas” (gnoristikai idiotetes) do Não-engendrado e do Engendrado.
Quanto ao Pai, ele não pode ser conhecido sem o Filho posto que conhecemos Deus, que é “luz” na “luz” do Verbo: “pois o que está além do Filho não é objeto de pensamento, posto que, o que é para o olho a luz sensível, o Deus Verbo o é para a alma. “Ele era, diz ele, a verdadeira luz que ilumina todo homem vindo neste mundo” (Jo 1,9).
Pela referência a Hebreus 1,3, Basílio mostrava a analogia da relação Pai-Filho e da glória e de seu resplandecimento (doxa — apaygasma), enquanto que, naquela de Jo 1,9 aplicada ao Salmo 35,10, a relação ao Verbo é aquela da “Luz não-engendrada” e da “Luz engendrada”. Mas então, objeto Eunomo: “tanto há diferença entre o não-engendrado e o engendrado, quanto é necessário que desta haja entre a luz e a luz”. A “substância do Pai é luz, mas superior em glória e em esplendor”, enquanto aquela do Monogêno é também luz, mas mais obscura e como perturbada”.
Ao que Basílio responde: a diferença entre o não engendrado e o engendrado não é “da ordem do mais e do menos, como entre uma menor e uma maior luz”, pois, no limite, o não engendrado poderia se tornar engendrado e o engendrado, não engendrado. Deve-se todavia afirmar que “sua distância (diastasis) é tão grande quanto aquela de termos incapazes de coexistir um com o outro”. Esta diastasis é irredutibilidade das propriedades características do Pai e do Filho: “A divindade é comum, mas a paternidade e a filiação são propriedades”. O que é “comum” entre o Pai e o Filho, é a divindade ou a luz e, inversamente, o que distingue a “luz” que é o Pai da “luz” que é o Filho, são suas propriedades distintivas ou características:
“Assim, quando entendemos falar de uma luz não-engendrada, pensamos no Pai, e de uma luz engendrada, pensamos no Filho. Enquanto luz e luz, não há nenhuma contrariedade (enantiotes) entre eles, mas, enquanto engendrado e não-engendrado, se os considera sob o aspecto de sua antítese (antithesis). Tal é com efeito a natureza das propriedades de mostrar a alteridade na identidade da substância”.
A impiedade de Eunomo é de fazer “passar na substância a antítese das propriedades”, mas do ponto de vista da “substância” ou da divindade, não há “contrariedade”, como não há nada entre a luz e a luz. Logo é no seio da divindade ou da luz que se deve distinguir a “luz não-engendrada” que é o Pai, da “luz engendrada”, que é o Filho. A alteridade do Um e do Outro supõe a alteridade da “luz” e do “não-engendrado” pois, “se a luz não fosse algo outro que o não-engendrado, ela não poderia mais ser atribuída ao Filho”.
O não-engendrado não é idêntico à substância divina, como pensa Eunomo, mas “na identidade da substância” divina — no seio da luz —, que se opõem o Pai e o Filho, “luz não-engendrada” e “luz engendrada”.
Frei Hermógenes Harada: Excertos de “Ensaios de Filosofia”
Na tradução dos Sermões de Eckhart, os termos Ungeschaffen, Ungeschaffenheit foram traduzidos por incriado, incriabilidade. Incriabilidade diz referência ao ser de Deus, à Deidade na sua Abgeschiedenheit. O termo Unerschaffenheit foi traduzido por não-criaturidade. Não-criaturidade se refere a Deus enquanto se “externando” como “condição da possibilidade” do ser das criaturas: o Nada. Por isso, a palavra sie foi interpretada não como indicando a alma, mas sim a não-criaturidade (v. Finitude).