Teologia Simbólica

TEOLOGIA SIMBÓLICA

Edith Stein
Les Voies de la connaissance de Dieu : La Théologie symbolique de Denys l’Aréopagite
Segundo Dionísio o Areopagita)), o mais baxo grau da teologia é aquele da teologia simbólica. Já se disse, o escrito que dela trata expressamente no Corpus dionisyacum, e ao qual o autor remete frequentemente, perdeu-s. ((Edith Stein se contenta em tirar de outros escritos o que dela se fala, para formar uma ideia aproximada.

Dentre estes escritos do Corpus o que trata mais explicitamente da teologia simbólica é a Carta IX a Tito; nesta se afirma que os autores sagrados representaram por meio de figuras enigmáticas as verdades misteriosas, inacessíveis aos profanos. A Verdade eterna, Fonte de toda vida mergulhada nos Mistérios divinos (quer dizer no sacramento do altar), se manifesta igualmente sob o véu de espécies sensíveis. Esta linguagem simbólica demanda uma interpretação, pois poderia se perder grosseiramente sobre seu sentido — por exemplo tomando literalmente expressões tais como: o “seio do Pai” de onde procede o Filho, o “sopro de sua boca”, ou a “cólera de Deus”, sua “embriaguez” ou seu “sono”. As Escrituras santas estão recheadas de tais imagens audaciosas, que os ignorantes poderiam escandalizar-se. Mas aquele que sabe discernir as belezas ocultas aí referenciará numerosos traços de luz reveladores. Tal é bem o sentido destes símbolos: trata-se de subtrair o que é santo ao olhar profanador das multidões, e de o apresentar àqueles que buscam a santidade, que se liberaram das representações ingênuas, e que adquiriram uma sabedoria suficiente para entrar nas consideração da Verdade simples.

Assim os santos doutores da Antiguidade e da Nova Aliança significaram Deus pelas imagens adequadas; os anjos apresentaram em enigmas das coisas divinas; Jesus ele mesmo falou em parábolas e nos transmitiu o sacramento mais santo sob a figura da Ceia. Receber sob esta forma aluz da ciência divina corresponde a princípio à natureza humana. Nossa vida está dividida em partes iguais; à parte da alma liberada da necessidade das impressões sensíveis convém receber as imagens divinas em uma visão simples e interior; à parte da alma submetida às impressões sensíveis, lhe convém ser elevada à contemplação das coisas de Deus por meio de símbolos típicos.

Segundo Paulo Apostolo, o mundo visível está disposto diante do Ser invisível de Deus. Eis porque certas passagens da Escritura visualizam as coisas do ponto de vista da vida social e das leis que a regem, enquanto outras as apresentam em uma pureza absoluta; umas, à maneira totalmente humana, as outras, de uma maneira sobrenatural e perfeita. Aqui obedecem à leis evidentes, lá estão submetidas a decretos ocultos. É preciso se elevar acima da concepção ordinária da vida, e buscar aceder, de uma maneira que convém ao sagrado, à significação dos signos e dos símbolos.