Maximo Capsocalyvite

Maximo o Capsocalyvite

Seu sobrenome significa “queimador de choupanas”. Foi um monge do Monte Athos que pelos frutos da humildade e da contemplação, contribuíu na fundação do hesicasmo dos séculos XIII e XIV. Seu radicalismo, incendiando todas as suas sucessivas moradias, como para chamar sobre si-mesmo o Juízo Final, marcou seus contemporâneos que acabaram por compor um relato de sua vida, de onde foi extraído o diálogo que teve com Gregório o Sinaíta, sendo incorporado na compilação da Philokalia grega.

Na tradução francesa da Philokalia, Máximo o Capsocalyvite é apresentado por Teofano de Vatopedi.


Excertos
Da Vida de nosso santo Padre Máximo o Capsocalyvite
O divino Gregório o Sinaíta encontrou um dia S. Máximo e com ele se entreteve. Entre outras coisas disse: O meu venerável Padre, te peço, diga-me. Tens em ti a prece intelectual?

Este sorriu e lhe disse: Não te esconderei, venerável Padre, o milagre que a Mãe de Deus — Theotokos — fez por mim. Sempre tive desde minha infância uma grande confiança na Mãe de Deus. Orava para ela pedindo a graça da prece intelectual. Um dia que fui, como de hábito, à igreja que lhe foi consagrada, orei para ela de novo com todo o meu coração. E no momento que beijei seu santo ícone, senti no meu peito um calor, tal uma chama que vinha do ícone, e que não me queimava, mas me cobria como um orvalho, me enchia de doçura, e punha em minha alma uma imensa ternura. Foi a partir deste momento, Padre, que meu coração começou a dizer dentro dele mesmo a prece e que minha inteligência conheceu a doçura desta lembrança contínua de Jesus e da Mãe de Deus. Desde então, a prece não deixou meu coração. Perdoa-me.”

O divino Gregório lhe disse: “Diga-me, no momento que dizias a prece “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tende piedade de mim”, conhecestes alguma vez uma transformação divina, ou um êxtase, ou qualquer outro fruto do Espírito Santo?”

O divino Máximo lhe respondeu: “Ó padre, se fui a um lugar deserto, se sempre desejei a hesychia, é justamente para usufruir ainda mais do fruto da prece, que é um imenso amor de Deus e um arrebatamento da inteligência no Senhor.”

São Gregório lhe disse: “Te peço, Pai, diga-me. Tens em ti isto que falas?” O divino Máximo sorriu de novo e lhe disse: “Dê-me a comer. Não procures saber da ilusão.”

O divino Gregório lhe disse então: Posso ter também este ilusão que é a tua. Mas te peço me digas isto que tua inteligência vê com seus próprios olhos no momento em que é arrebatada em Deus; e se lhe é então possível elevar a oração ao mesmo tempo que o coração.”

São Máximo lhe respondeu: “Não, ela não pode. Quando, pela oração, a graça do Espírito Santo vem ao homem, a prece cessa. Pois a inteligência é inteiramente dominada pela graça do Espírito Santo. Ela não pode fazer nada mais por ela mesma. Ela não age mais. Ela só está submetida ao Espírito Santo, e vai onde quer o Espírito Santo: no ar imaterial da luz de Deus, ou em uma outra contemplação que não é possível dizer, ou frequentemente também na escuta de palavras divinas. O Consolador, o Espírito santo, conforta assim seus servidores, como quer. Ele lhes dá sua graça segundo aquilo que convém a cada um.

Seguem-se os seguintes parágrafos:

  • Justificação das profecias e visões, como obra do Espírito Santo na inteligência (nous) do homem
  • A inteligência (nous) próxima do fogo da Divindade e do Espírito Santo, é como a cera que próximo ao fogo se incendeia e se derrete

O divino Gregório lhe diz então: “Existe outras coisas aparentadas a estas, e que seriam da ordem da ilusão?

Na resposta do grande Máximo:

  • Os signos da ilusão são outros diferentes dos signos da graça.
  • O espírito maligno, espírito da mentira, aproxima-se do homem perturbando e exacerbando a inteligência; endurece e entreva o coração; suscita preguiça, medo, e orgulho, etc
  • Aquele que vê este espírito de ilusão está muitas vezes em um espírito de irritação, cheio de cólera, ignorando a humildade, o compunção e as lágrimas, vangloriando-se.
  • Quanto aos signos da graça:
    Reúne sua inteligência, a faz atenta e humilde, lhe traz a lembrança da morte e dos pecados, do juízo e do castigo.
    Suscita na inteligência as contemplações mais altas e sublimes