PHILOKALIA-AUTORES — FILOTEU DO SINAI (algum tempo entre os séculos VII e XII)
Monge e higumeno do monastério da Sarça Ardente — Batos — no Sinai, mas não se sabe quando, provavelmente nos tempos de Climacus e Hesiquio de Batos. Depois da anacorese egípcia, que viu a passagem da solidão cósmica e da ascese do corpo à hesychia do coração e à ascese da inteligência, os monges do Sinai, Filoteu e Hesíquio retomam as regras que vão reger para sempre o combate espiritual: a busca e guarda do “lugar de Deus”, que, segundo o Evangelho, é a princípio menos uma terra prometida que o “céu do coração”. Hesíquio é mais espontâneo, mais poético. Filoteo, nos quarenta capítulos que aparecem como uma espécie de “deuteronômio”, é mais elaborado, mais didático, ao mesmo tempo mais amplo e mais preciso.
O primeiro dever para Filoteu é observar os mandamentos de Deus. Em seguida “buscar incansavelmente no coração o Reino dos Céus”: pela nepsis (a sobriedade e a vigilância, a ascese da inteligência) se despir das paixões do mundo, alcançar a hesychia, o retiro e a solidão, forçar a inteligência a nada mais ser que a lembrança da morte e a lembrança de Deus, oração contínua, apelo de Jesus, recurso a sua piedade, prevenir e impedir assim as irrupções do mal, submeter a razão, o ardor e o desejo, guardar o coração, não mais conhecer o mundo, mas reproduzir em si, pela contemplação mística, o “lugar de Deus”, como centro inacessível da criação, “se desdobrar com o sol, a lua e as estrelas, como um céu espiritual”, e desde então englobar o mundo, e sentir ao limite a luz incriada, da qual afirma: “A luz inexplicável, que explica não a palavra, mas a experiência daquele que a experimentou, ou, para dizer verdadeiramente, daquele que disto foi tocado, ela ordena que me cale”. Enfim no silêncio “adquirir o amor e a pureza, o eixo mesmo, enraizado na mensagem bíblica, em torno do qual, de Hesíquio de Batos a Gregorio Palamas, e além deles, se eleva secretamente a demanda hesicasta.
Resumo da apresentação da tradução inglesa da Philokalia
Claro e conciso os Quarenta Textos, selecionados pela Philokalia, são especialmente valiosos pelas definições simples que dá a conceitos chaves. Como o título indica, Filoteu oferece uma significação especial à qualidade de vigilância ou sobriedade espiritual (nepsis). Em comum com Hesíquio de Batos, ele vê isto como fortemente conectado com a atenção interior (prosoche) e a guarda do intelecto (noesis): as três noções são virtualmente sinônimas. Mas ele destaca, mais explicitamente que Hesíquio, a importância do ascetismo corporal e a guarda dos mandamentos; o combate interior e exterior andam juntos. Ele recomenda a invocação do Santo Nome, “a oração incessante de Jesus Cristo” (Kyrie Eleison), que tem o poder de “concentrar o intelecto disperso”, mantendo deste modo uma contínua lembrança de Deus (mneme Theou).
Apresentação de Jean Gouillard
Monge do mosteiro de Batos e herdeiro do pensamento de Clímaco. Data desconhecida. Menos prolixo do que Hesíquio, mais atento em assinalar o lugar da prática dos mandamentos, exalta, como ele, a virtude da atenção, a luta contra os pensamentos e a invocação de Jesus. Dele, a Philokalia conservou quarenta capítulos sobre a sobriedade, que deveriam figurar no último volume da Patrologia Grega, destruído num incêndio, como se sabe.
Escritos
- espanhol: Seleção de Textos
- inglês: Parágrafo em ensaio de Kallistos Ware
- francês: Philothéos le Sinaïte
Excertos:
- NEPSIS — VIGILÂNCIA