questão

Todo questionamento é uma procura. Toda procura retira do procurado sua direção prévia. Questionar é procurar cientemente o ente naquilo que ele é e como ele é. A procura ciente pode transformar-se em “investigação” se o que se questiona for determinado de maneira libertadora. O questionamento enquanto “questionamento de alguma coisa” possui um questionado. Todo questionamento de.. . é, de algum modo, um interrogatório acerca de… Além do questionado, pertence ao questionamento um interrogado. Na investigação, isto é, na questão especificamente teórica, deve-se determinar e chegar a conceber o questionado. No questionado reside, pois, o perguntado, enquanto o que propriamente se intenciona, aquilo em que o questionamento alcança sua meta. Como atitude de um ente, de quem questiona, o questionamento possui em si mesmo um modo próprio de ser. Pode-se empreender um questionamento como “um simples questionário” ou como o desenvolvimento explícito de uma questão. A característica dessa última é tornar de antemão transparente o questionamento quanto a todos os momentos constitutivos mencionados de uma questão. [Heidegger, Ser e Tempo, § 2]


Ora, é a própria natureza da questão que deve ser elucidada primeiramente. “Por que” supõe que isso sobre o que e a propósito do que se põe a questão destaca a um para além de si mesmo, a um horizonte de exterioridade sobre o qual ele se destaca a título de ente ou de objeto exterior. É a partir desse horizonte, que lhe confere sua presença e no qual ele “é/está aí”, que nos voltamos para ele a fim de lhe perguntar por que, em vista de que ele é/está aí, tal como ele é, com as propriedades que são suas. Semelhante questão é, necessariamente, sem resposta. (Michel Henry, MHE)