theología, theologiké: 1) relatos sobre os deuses, mito, 2) «filosofia primeira», metafísica
1. Theologia aparece pela primeira vez em Platão e o termo é usado tanto por ele (Republica 379a) como por Aristóteles (Metafísica 1000a-1071b) para designar a atividade dos poetas que fizeram relatos cosmogônicos. Aristóteles, em particular, usa-o em contraste com as especulações filosóficas dos physikoi (v. g. Metafísica 1075b); com efeito, é paralelo à distinção entre mythos e logos (qq. v.).
2. Na Metafísica 1026a surge um significado nitidamente distinto. Aristóteles dividira as ciências teoréticas em três classes, das quais a terceira trata das substâncias que são «separadas» (para este sentido ver choriston) e sem kinesis; esta é a «filosofia primeira» ou theologiké, assim chamada porque tais substâncias são o reino da divindade (para outra posição sobre o assunto base da theologiké, ver on).
3. Posteriormente, a teologia expandiu-se para, uma vez mais, abarcar todo o discurso sobre os deuses e esta nova compreensão do seu alcance pode ver-se na divisão da teologia em «mítica, física e política», divisão que tem origem na Stoa Média (ver Agostinho, De civ. Dei VI, 5, citando Varrão; confrontar ibid. IV, 27 e Eusébio, Praep. Evang. IV, 1). (FEPeters)
… a teologia toma como ponto de partida — mais do que isso: como objeto próprio de sua reflexão — as Escrituras, isto é, textos reputados sagrados. “Sagrados” não quer dizer que eles falam do que é sagrado, de Deus, mas que provêm d’Ele, que são sua Palavra. Trata-se, portanto, para todos os efeitos, de uma Palavra de Verdade. Tal é a vantagem decisiva da teologia: tomar como base essa Verdade que se dá como absoluta. Se a teologia se funda imediatamente sobre a Palavra de Deus, é precisamente porque essa Palavra é a da Verdade. (Michel Henry, MHE)