inteligência discursiva

No seio mesmo da atividade da primeira operação do espírito pode haver um certo progresso do conhecimento. Todavia, não é com este progresso que Tomás de Aquino relaciona a distinção entre a inteligência humana, de si discursiva, e as inteligências divina ou angélica, as quais são essencialmente intuitivas: “intellectus angelicus et divinus statim perfecte totam rei cognitionem habet” (Ia Pª, q. 85 a. 5). A inteligência humana, por sua vez, procede compondo, dividindo (julgando) e raciocinando, “componendo, dividendo et ratiocinando” (cf. ibidem e q. 58, a. 4 e 5) . Comparado aos espíritos superiores que são propriamente inteligências, o homem aparece assim como um ser dotado de razão (animal rationale).

A necessidade de compor, de dividir e de raciocinar impõe-se à inteligência humana, porque esta não atinge, em um primeiro golpe, o perfeito conhecimento da coisa, mas capta só um de seus aspectos: sua quididade – e sabemos que isto mesmo é completamente relativo.

Apreendendo em seguida suas propriedades, ,seus acidentes e tudo o que se relaciona à essência da coisa, é-lhe necessário associar ou dissociar os objetos assim distinguidos, o que supõe que se julgue e, tratando-se de consequência, que se raciocine:

“Cum enim intellectus humanus exeat de potentia in actum, similitudinem quemdam habet cum rebus generabilibus, quae non statim perfectionem suam habent, sed eam successive acquirunt.

Et similiter intellectus humanus non statim in prima apprehensione capit perfectam rei cognitionem, sed primo apprehendit aliquid de ipsa, puta quidditatem ipsius rei quae est primum et proprium obiectum intellectus et deinde intelligit proprietates et accidentia et habitudines circunstantes rei essentiam. Et secundum hoc necesse habet unum apprehensum alii componere et dividere, et ex una compositione et divisione ad aliam procedere, quod est ratiocinari” Ia Pª, q. 85, a. 5

Tudo isto, seja dito ainda uma vez, representa só de modo completamente esquematizado e simplificado a verdadeira marcha do pensamento. (Gardeil)