Se o Logos tem um Anjo especial, este deve certamente ser Gabriel. Ele é que anuncia a Maria a descida do espírito; é ele quem traz a Maomé as palavras do Corão. Ele tem várias formas: em suas manifestações “cósmicas” a Maomé ele é assombroso, seu corpo obscurece metade do céu, que ressoa com o movimento de suas asas. Em ícones e pinturas medievais tardias, entretanto, ele toma sua forma mais usual, aquela de um jovem delicado e misteriosamente belo, no modo que aparecia a Maomé. O sufi Ruzbehan Baqli o descreve: “No primeiro nível vi Gabriel, como uma moça, ou como a lua entre as estrelas. Seu cabelo era como de uma mulher, caindo em tranças. Vestia uma túnica vermelha bordada de verde… Ele é o mais belo dos Anjos… Sua face é como uma rosa vermelha”.
De acordo com muitos pensadores islâmicos, Gabriel é o décimo e último da grande cadeia de intelectos arcanjos que emanam de Deus. Ele comanda a esfera da lua e tudo que jaz sob ela; assim é o Anjo da Humanidade. Todos os “Anjos terrestres” — almas humanas — derivam dele. Em certo sentido ele é pai, em outro sentido adorado. Gabriel é o arconte de todos os Anjos da Guarda. Quando um Anjo aparece ao homem, ele é Gabriel, ou enviado por Gabriel.
Tudo isso o poeta persa do século XIII, Jalaluddin Rumi, sintetiza no Mathnawi, em sua descrição da Anunciação:
“Antes da aparição de uma beleza super-humana,
antes deste Forma que floresce do solo como uma rosa diante dela,
como uma Imagem elevando sua cabeça do secreto do coração…”
Maria está com medo, e exclama, “Me refugio em Deus”. Mas Gabriel a repreende:
“O Maria! Veja bem, pois sou uma Forma difícil de discernir.
Sou uma lua nova, sou uma Imagem no coração.
Quando uma Imagem entra teu coração e se estabelece,
foges em vão: a Imagem permanecerá dentro de ti —
a menos que seja uma vã imaginação sem substância,
mergulhando e dissolvendo-se como uma falsa aurora.
Mas sou como a verdadeira aurora, sou a Luz de seu Senhor…”
Se o Anjo é um “mensageiro”, movendo-se entre céu e terra “com uma leve movimento” (como afirma Platão), ele não é meramente um “nuncio”, um caractere do prólogo de uma peça grega. Ele “é” a Mensagem, como a Mensagem manifesta-se a si mesma ao homem.
Assim Philon chama todos os Anjos de “logoi”. Interpretando a história do asno de Balaam, nomeia o Anjo “Convicção, o logos divino, o Anjo que guia nossos passos e remove obstáculos adiante, para que possamos caminhar sem tropeços ao longo da alta estrada”.
Desta maneira o logos-Anjo aparece frequentemente segurando um livro, ou, de algum modo ele é um livro ou uma carta. Os Gnósticos o denominam “o Provocador”, a intimação de além das esferas que desperta a alma de sua inútil letargia, seu sonho demoníaco, e a suporta na subida para seu verdadeiro lar. De acordo com o Testamento de Naphtali hebreu, os Anjos ensinam as nações de homens suas várias línguas; e para o sufi cada uma das 28 letras do alfabeto árabe é regida por um Anjo (e relacionada à uma fase da lua, esfera de Gabriel). [Peter Lamborn Wilson, PLWA]
Non moins important est Gabriel le dépositaire de la Révélation et le gardien du Paradis (Quds). On l’appelle également l’Esprit fidèle, l’Esprit Saint, la Grande Loi (an-Nâmûs al-akbar), le Paon des anges. Quand Dieu énonce la révélation, les habitants du ciel entendent un retentissement semblable à celui que produit une chaîne traînée sur un rocher ; ils s’évanouissent et restent dans cet état jusqu’à la venue de Gabriel; alors, ils sont délivrés de leur frayeur et demandent : « Qu’a dit ton Seigneur ? — La Vérité », leur répond-il ; et tous de répéter à haute voix : « La Vérité! La Vérité!. »
Le Prophète aurait demandé à Gabriel de se montrer à lui sous sa vraie forme, celle qu’il a au ciel. Gabriel lui dit qu’il ne pourrait pas supporter pareille vision; Mahomet insista; le rendez-vous fut fixé à Mina. A l’heure convenue, Mahomet voit apparaître l’ange venant des monts ‘Arafat, remplissant l’espace entre l’Orient et l’Occident et bouchant l’horizon; sa tête touchait au ciel et ses pieds étaient posés sur la terre. Il avait quelques milliers d’ailes d’où se répandaient des plumes aux couleurs éclatantes. Quand le Prophète le vit, il tomba évanoui. Alors, Gabriel prit la silhouette de Dihya al-Kalbî sous laquelle il se présentait habituellement à lui. Il le serra contre lui; alors Mahomet reprit connaissance et dit : « Je n’ai jamais cru que Dieu a de telles créatures! — Que ferais-tu, lui dit Gabriel, si tu voyais Isrâfîl dont la tête est sous le Trône qu’il supporte sur les épaules, et les pieds dans la septième terre! Cependant, devant la Majesté de Dieu, il devient aussi petit qu’un bouvreuil! »
Ka’b al-Ahbâr dit que Gabriel est l’un des anges les plus éminents. Il a six ailes; sur chacune d’entre elles sont greffées cent autres. Derrière elles se trouvent deux ailes qu’il ne déploie qu’au moment de la destruction des villes (al-qurâ). Quand fut révélé le verset relatif à Gabriel : « C’est la parole d’un noble messager, détenteur de la force auprès du Maître du Trône… (Cor. 81, 19-20), le Prophète lui demanda de citer un exemple de cette force. « J’ai soulevé, lui dit-il, sur mes ailes, les villes des gens de Loth, si haut dans les airs que les habitants du ciel purent entendre le chant de leur coq; puis je les ai redescendues ».
Les auxiliaires de Gabriel sont préposés au monde entier. Il leur revient de produire les forces irascibles et instinctives destinées à prémunir contre ce qui est mauvais et nuisible (Qazwînî, 57). (Toufy Fahd: Génies, anges et démons, LGAD)