Despertar Iniciático

Jean Tourniac — Os estados póstumos e o despertar iniciático

*Se em um prolongamento póstumo individual, o Cristo garante ao cristão a Ressurreição ou trans-formação no Verbo divino (isto que é também a meta da “iniciação” na sua realidade espiritual ultima denominada libertação) para que presta seguir uma via iniciática?
**Não incompatibilidade do duplo pertencimento à Igreja e à via iniciática, sem depreciar em nada a “transcendência” da única via sacramental eclesial dotada de perspectivas mas mais elevadas.
**Não há no cristianismo inferioridade em relação ao que quer que seja posto que esta via é Vida e Verdade divina.
**S. Leão o Grande (Lição do segundo noturno da Ascensão): “Posto que a Ascensão do Cristo é nossa própria elevação e que nosso próprio corpo tem a esperança de estar um dia aí onde o precedeu seu glorioso chefe… pois não fomos fortalecidos hoje como possuidores do paraíso, mas na pessoa do Cristo, penetramos no mais alto dos céus e obtivemos por sua graça inefável mais do que havíamos perdido pela falta de Eva…”
***Leão não fala de um pequeno grupo de homens mas a todos os “chamados” da Igreja cuja “eleição” provém da graça divina.. e do trabalho de cada um. Nada está oculto mas … é necessário o desejo de ver e de tomar. “Bata… Demande… Busque…”, é o conselho do Cristo.

*Leitura de Guénon: Mistérios Maiores e Mistérios Menores

*Mesmo se o estado cristão seja suficiente por si mesmo nos limites da “salvação” para conduzir à “liberação” e sem necessidade de ritos iniciáticos, observa-se que o prolongamento do ser na condição sutil individual é também uma peregrinação, uma viagem, que compreende uma morte e uma ressurreição, qualquer que seja a “duração” entre um termo e o outro; comporta provações igualmente ligadas ao “mundo dos elementos” eles mesmos reabsorvidos em seu estado pré-sensível, um labirinto de purificação, uma démarche em direção ao “centro” e uma demanda da “luz eterna” segundo fórmulas da liturgia. Esta “luz eterna” é associada ao repouso, logo ao sabá ou ponto central septenário e origem das seis direções qualificando espacialmente o estado individual humano e ponto central do Eterno Presente e da instantaneidade.

*O caminho separando a Salvação da Liberação que não tenha sido percorrido na modalidade corporal poderá sempre sê-lo na “prolongação sutil perpétua” e com a ajuda latente das recepções iniciáticas recebidas no estado corporal. Haverá então, no seio da modalidade póstuma sutil, uma possibilidade acentuada de transposição no estado incondicionado do Verbo-Cristo divino e isto, sem esperar a ressurreição e o fim do ciclo.

*Descrição de alguns ritos iniciático maçônicos e dos rosa-cruzes, considerando que os mesmos simbolizam esta preparação e capacitação para a “segunda morte” e ressurreição póstumas. Todos tratam de temas similares: morte, errância, guia divino, centro e ascensão, ressurreição, Eternidade. Deste modo espera-se que aquele que conheça o itinerário se refira mais facilmente no mundo das sombras, memorizando o desdobramento aprendido na iniciação.

*Entra o nascimento anímico e a prolongação póstuma se situa a morte do corpo e daquilo que lhe é associado, a alma passional e sensitiva. O que vai subsistir é o que está além da natureza corporal: “Logo há uma operação da alma que supera tanto a natureza corporal que ela não se exerce mesmo por um órgão corporal; e tal é a operação da alma razoável (Suma Teológica I, A1, 9-78, a.1)