Os dois “pontos de detenção” do curso solar (é esse o sentido etimológico da palavra “solstício) devem corresponder aos dois limites extremos da manifestação, seja no seu conjunto, seja em cada um dos ciclos que a constituem. Em número indefinido, esses ciclos nada mais são que os diferentes estados ou graus da Existência universal. Se isso for aplicado em particular a um ciclo da manifestação individual, tal como a existência no estado humano, torna-se fácil compreender por que as duas portas solsticiais são designadas tradicionalmente como a “porta dos homens” e a “porta dos deuses”. A “porta dos homens”, que corresponde ao solstício de verão e ao signo zodiacal de Câncer (as correspondências dos solstícios e equinócios com os signos zodiacais referem-se aqui ao hemisfério norte), é a entrada na manifestação individual; a “porta dos deuses”, que corresponde ao solstício de inverno e ao signo zodiacal de Capricórnio, é a saída dessa mesma manifestação e a passagem aos estados superiores, pois os “deuses” (devas, na tradição hindu), tal como os “anjos” segundo outra terminologia, representam exatamente, do ponto de vista metafísico, os estados supra-individuais do ser.