Na Alemanha, na França e em outros países muitos preconizam a doutrina chamada das “duas igrejas”, a igreja de Pedro e a igreja de João, ou das “duas épocas”, a época de Pedro e a época de João. Sabes também que essa doutrina ensina o fim — mais ou menos próximo — da igreja de Pedro, ou do papado, seu símbolo visível, a ser substituído pelo espírito de João, o discípulo amado do Mestre, aquele que, inclinado sobre seu peito, ouviu as batidas de seu coração. Assim a igreja “exotérica” de Pedro daria lugar à igreja “esotérica de João”, que seria a da liberdade perfeita.
Ora, João, que se submeteu voluntariamente a Pedro como chefe e príncipe dos apóstolos, não foi seu sucessor depois de sua morte, embora tenha sobrevivido a ele por muitos anos. O discípulo amado, que ouviu as batidas do coração do Mestre, é e será sempre o representante e o guardião desse coração — e como tal não foi, não é e jamais será o chefe ou a cabeça da Igreja. Porque como o coração não é chamado a substituir a cabeça, do mesmo modo João não é chamado a suceder a Pedro. O coração conserva bem a vida e a alma, mas é a cabeça que toma as decisões e que dirige e escolhe os meios para a execução das tarefas do organismo todo — cabeça, coração e membros.
A missão de João consiste em conservar a vida e a alma da Igreja — em viver até a segunda vinda do Senhor. Por isso João nunca pretendeu e nunca pretenderá ter a função diretiva do corpo da Igreja. Ele vivifica esse corpo, mas não dirige suas ações. (M22AMT)