doutrina tomista da liberdade

A doutrina da liberdade que, com grande fidelidade a Aristóteles, Tomás de Aquino nos propõe, situa-se assim entre os dois extremos do indeterminismo de uma espontaneidade não motivada, e do determinismo da vontade por um motivo constrangedor. De um lado, não sem reservas aliás, conviria colocar um Descartes ou um Bergson, e de outro o racionalismo leibniziano.

Para Tomás de Aquino, o livre arbítrio não é, de uma parte, espontaneidade não motivada; e, de outra, não é devido a um motivo que se impõe: é ao mesmo tempo espontaneidade e motivação, cada um dos fatores determinando o outro segundo seu ponto de vista. É o que exprimiam, sob diversos aspectos, os pares discernidos mais acima, da especificação e do exercício, do juízo prático e da eleição: mais profundamente, o par inteligência-vontade que está na origem dos outros. A liberdade encontra-se, como em seu sujeito, na vontade, mas é ao mesmo tempo faculdade de razão, de sorte que se pode igualmente defini-la como uma inteligência dotada de intellectus appetitivus, ou, o que é preferível, um apetite dotado de inteligência; appetitus intellectivus: todo o mistério e toda a explicação da liberdade está na associação dos dois termos. (Gardeil)