Basílio

Basilio Magno, São (331-379)

A figura de São Basílio destaca-se por seu perfil de monge, de pastor, de homem da Igreja e de fino conhecedor da língua e da cultura grega. Nascido em Cesareia da Capadócia — hoje Turquia Asiática — , recebeu a primeira educação em sua cidade natal para completá-la depois em Constantinopla e Atenas (351-356). Aí conheceu São Gregório de Nazianzo, com quem teve uma sincera e profunda amizade. Os dois, junto com São Gregório de Nissa e Eusébio de Cesareia, formam a escola de Cesareia e são conhecidos também pelo nome de “padres capadócios”.

O apelido de “Grande” aplica-se a São Basílio por ser monge e fundador do mosteiro oriental, por seu trabalho pastoral como bispo de Cesareia, por sua doutrina como teólogo e defensor da ortodoxia frente ao arianismo, e por seus dotes de orador e homem culto e superior que lhe valeram a admiração e o reconhecimento de seus contemporâneos.

Basílio deixou obras dogmáticas, exegéticas, ascéticas, homilias e cartas. Em primeiro lugar destacam-se as duas Regras, a longa e a breve, fruto de sua longa experiência como monge, e cuja influência é evidente em todo o mosteiro oriental. Das 24 homilias, certamente autênticas, devemos ressaltar os problemas éticos e sociais que apresentavam. As obras dogmáticas — Contra Eunômio, Sobre o Espírito Santo — são dedicadas à polêmica contra o arianismo. Na primeira defende a divindade do Filho e, na segunda, expõe a divindade do Espírito Santo, segundo a doutrina da Igreja. Suas nove homilias sobre o Hexameron mostram seus conhecimentos científicos da Antiguidade.

De seus escritos, destacamos: a) Sua numerosa correspondência, da qual nos restam mais de 300 cartas. Nelas fala de suas atividades diárias, ou são pequenos tratados de teologia e moral. Várias de suas epístolas canônicas, que tratam de disciplina, formam parte do direito canônico da Igreja Ortodoxa, b) De grande interesse é seu Discurso aos jovens sobre a cultura clássica e sobre os cristãos. Aconselha o estudo dos poetas, oradores, historiadores e filósofos gregos. A literatura e a erudição gregas são um poderoso instrumento de educação, mas a educação moral é mais importante que a formação literária e filosófica, c) Embora ainda não esteja confirmada sua contribuição à denominada Liturgia de São Basílio, deve-se reconhecer pelo menos que, nesta magnífica série de preces eucarísticas, a prece central da consagração reflete seu espírito e é provável que foi utilizada em Cesareia durante a vida do santo.

O trabalho dogmático mais importante de São Basílio, e dos padres capadócios, apoia-se na sua luta contra o arianismo e, particularmente, contra os imperadores Juliano e Valente. Seu empenho tem o objetivo de esclarecer a da Igreja:

— “Nas discussões sobre Deus deve-se tomar por guia a , a que impele à aceitação mais fortemente do que à demonstração, a que não é produzida por uma necessidade geométrica, mas pela ação do Espírito Santo” (Horn. In Ps., 115,1).

— “Não aceitamos nenhuma que não seja prescrita por outros nem presumimos expor os resultados de nossa reflexão, para não dar como regra de religião o que somente os santos padres nos têm ensinado”.

— Em suas discussões sobre a Trindade, mantém firme o fundamento de uma só substância (ousia) e três Pessoas (hipostasis): igualdade substancial das três Pessoas, distintas, no entanto, em sua individualidade. Frente aos semi-aria-nos, admitiu a substituição do termo “consubstancial” pela fórmula “semelhante imutavelmente na essência”.

— Diante de Eunômio, São Basílio afirma que “o conhecimento da essência divina consiste somente na percepção de sua incompreensibilidade” (Ep. 234,2). Podemos conhecer Deus através de suas obras, mas sua essência nos é inacessível.

BIBLIOGRAFIA: J. Quasten, Patrologia, II, 213-247; Obras: PG 29-32; Homilias escogidas de San Basilio el Grande (Biblioteca de autores gregos e latinos), Barcelona 1915. (Santidrián)