O Alfabeto de Rabi Akiba, “poder redentor do nome Amém” [JTTL]

Jean Tourniac — Os Traçados de Luz [JTTL]

O Alfabeto de Rabi Akiba evoca nestes termo ingênuos o “poder redentor do nome Amém”:

Deus um dia, sentado sobre sua cadeira, no paraíso, fará sua conferência; e todos os justos estarão sentados diante dele; e toda corte celeste estará presente; o sol e os planetas estarão a sua direita, a lua e as estrelas a sua esquerda. E Deus lhes exporá os fundamentos da Lei nova que dará um dia por seu Messias e, quando tiver terminado, Zerubabel filho de Schealtiel se levantará e recitará a oração do Kaddisch. E eis que sua voz retinirá de um extremo do mundo ao outro, e que todos os habitantes da terra lhe respondem: Amém; e todos os pecadores de Israel e todos os pagãos justos, do fundo do inferno onde estavam habitando, gritam também: Amém; e todo o universo estremece, e a voz sobre até diante da face de Deus. E este demanda “que é este tumulto que ouço?” e os anjos de serviço lhe respondem: “Mestre do Mundo, estes são os filhos dos pecadores de Israel e os justos pagãos que ainda estão nos infernos e que do fundo do inferno gritam “Amém”. Então a misericórdia de Deus se emociona infinitamente e diz: “Porque adicionaria ainda a seu castigo? É a má tendência que os levou à perdição”. E Deus toma as chaves do inferno e na presença de todos os justos, as remete a Miguel e Gabriel dizendo: “Ides, abrais as portas e liberai-os”.

Este relato do Rabi Akiba é interessante porque dá ao nome em questão um poder redentor universal, sem distinção de judeus ou não judeus, e que a virtude da liberação que o acompanha se exerce mesmo por uma espécie de descida aos infernos. O Amem designa portanto aqui o Liberador ou Salvador, ou pelo menos age nesta qualidade. Seria preciso se perguntar se existe uma relação hermenêutica entre o Amém, o Nome do Eterno e a incorporação do Nome na carne do Messias. Citemos um comentário de Paul Vulliaud sobre uma das nove maneiras de honrar o nome do eterno segundo a “Siphra di Tzeniutha” (o livro secreto), cap. III cujo texto parafraseado: “Pode-se ainda meditar sobre a palavra “Amém” que contém dois nomes: YHWH e Adonai. Um oculta sua bondade e sua benedição no tesouro denominado “hecal” (palácio). É o que indica o verso (Habac. II,20): “O Eterno está em seu templo sagrado: Silêncio diante dele!” Eis porque nossos mestres de santa memória, significaram alegoricamente que tudo o que é bom do homem está em sua morada como está escrito (Números XII,7): Em toda minha morada, ele é fiel”. Interpreta-se: “em tudo que está comigo”.