Teognostos — Sobre a ação e a contemplação…
21. Um padre, que ao mesmo tempo era monge, tinha uma reputação de piedade e era honoravelmente considerado por sua aparência exterior; mas dentro estava secretamente debochado e sujo. Quando celebrava a Divina Liturgia, que ao Canto dos Querubins tinha se aproximado, inclinando a cabeça, diante ada santa Mesa, como era de costume, e que lia em voz alta a oração «Ninguém é digno», subitamente caiu morto: sua alma o havia deixado neste estado.
22. Nada é melhor que uma palavra e um conhecimento justos. Pois é daí que nascem o temor e o desejo de Deus. O temor purifica pela piedade e a contrição. O desejo leva à perfeição pela iluminação e o discernimento, e eleva a inteligência às alturas pela contemplação suprema e pela elevação. Sem o temor, é impossível ser transportado para o amor divino, de se envolver graças a ela no que se espera e de aí se repousar.
23. Se me crês, tu que desejas a salvação ardentemente e para o alcançar, corres até o que a tenhas apreendido, penando em buscar, demandando sem sossego e batendo com paciência até que tenhas encontrado, após te ser construída uma fé sólida e uma humildade que estejam sob teus pés como uma fundação. Apreendeste o que desejas, não somente quando obtiveste a remissão dos pecados, mas quando não apreendes mais e não temes mais o desprendimento de qualquer paixão e que te separas da carne, sem medo e com certeza.
24. Demanda, com muitas lágrimas, a receber uma plena certeza (plerophoria), antes do fim, se és humilde, temendo ser desprezado em seguida por tua despreocupação. Mas então, demanda a encontrar-te próximo à morte e a poder alcançá-la, para que não falte, por presunção de confiança, o que desejas quando chegares ao tempo que te espera. E onde irás, infeliz, sem a plena e indubitável certeza que dá o Espírito?