Teofano, o Recluso — Conselhos aos Ascetas
A armadura do monge
“Os que tem de ir a guerra — dizia São Jerônimo em uma conversa com seus monges -, preparam-se antes com cuidado”.
O soldado “olha se tem escudo, se tem espada, se tem machado, se tem flechas, se seu cavalo está em boas condições”. Para lutar convém preparar antes a armadura. Segundo Filoxeno de Mabbug, era a “armadura espiritual” a única coisa que o monge devia levar consigo ao abandonar o mundo.
Muitos são os padres e escritores que descreveram, mais ou menos minuciosamente, a armadura espiritual. Alguns de seu elementos eram conhecidos desde tempos atrás. São Paulo falava do cinto da verdade, a couraça da justiça, o escudo da fé, o elmo da saúde, a espada da palavra de Deus. Em outras passagens do Novo testamento se mencionam estas armas e outras semelhantes: a oração, o jejum, e a sobriedade, a leitura e o uso da Sagrada Escritura, a invocação do nome de Jesus. Entre outros Padres da Igreja, insiste Orígenes nestas práticas, assim como também na vigilância constante e o cultivo de todas as virtudes. Outras armas são, segundo o mesmo Orígenes, o afastamento dos cuidados e distrações do mundo, as visões consoladoras e reconfortantes que o Senhor concede a seus atletas, e especialmente o “discernimento de espíritos”. Os monges se servem de todas estas armas, e com a experiência do combate cotidiano, foram completando seu arsenal.