Johannes Tauler — EXCERTOS DOS SERMÕES
O nascimento de Deus na alma
Verdadeiramente, deve haver um movimento dentro se esse nascimento de Deus na alma deve acontecer. Deve haver um ato decisivo de conversão interior, uma redescoberta, uma unificação de todos nossos poderes, o mais baixo e o mais alto, um recolhimento do eu diante de todas as distrações, pois essas coisas que são unificadas são mais fortes que aquelas que não são. É somente quando um arqueiro, que quer atingir um alvo exatamente, fecha um olho a fim de que o outro pode ver mais claramente. Quem quer que queira observar algo de bem perto, deveria aplicar todos seus sentidos a isto, unificando-os dentro da alma, que é sua fonte. Assim como todos os ramos de uma árvore emergem de seu tronco, da mesma maneira os poderes da alma, aqueles dos sentidos, do sentimento, da vontade estão unificados no mais alto ponto, no fundo da alma. E isto é recolhimento.
Se devemos escapar de nós mesmos, se devemos ser elevados acima e além de nós mesmos, então devemos renunciar todas as intenções, desejos e ações egoístas. Nossa vontade deveria ser direcionada para Deus somente, e não deveria existir dentro de nós nada de nossos próprios eus, nosso próprio tornar-se e nosso próprio devir e nossos próprio ganho. Deveríamos pertencer somente a ele, cedendo espaço a ele que é o mais alto que tudo para nós e o mais próximo, de modo que seu trabalho possa florescer e seu nascimento em nós seja completado, sem que nós lhe impeçamos de qualquer modo.
Sermão 1