Cabala
[wiki base=”en”]Adin Steinsaltz[/wiki] (Adin Even Yisrael): Excertos de “A Rosa de Treze Pétalas”. Maayanot, 1992.
De fato, somente além do Mundo da Criação, no mundo da emanação, o mais alto dos mundos — que num certo sentido já não é um mundo real —, pode-se falar de uma clareza e transparência tão grandes, que nenhum ocultamento de nenhuma essência em absoluto é possível, e que consequentemente, as essências não exibem nenhuma individualidade separada. Somente no mundo da emanação, não há ocultamento da divindade revelada por nenhuma cerca ou tela que separe as coisas. É por isso que se pode dizer que o mundo da emanação não é mais um mundo, é D-us Ele Mesmo. O Mundo da Criação, com todas as suas excelências e pureza, ainda é uma existência independente com sua própria personalidade, seu “Eu” diferenciado do ser divino. A diferença entre o mundo da emanação e o Mundo da Criação, portanto, é maior que entre quaisquer outros dois níveis. É a fímbria da totalidade do sistema das existências independentes, cada uma dividida da outra por “telas”, e além dela está a fonte de todo o ser, onde já não há mais dessas telas.
Uma representação arquetípica de uma “tela” é a cortina que divide o humanamente sagrado do Sagrado dos Sagrados no Templo Sagrado. Porque o Templo Sagrado é, num certo sentido, um modelo simbólico de todo o sistema dos mundos. Então, uma tela é algo que age como barreira ao livre fluxo da abundância divina em toda a sua pureza; é aquilo que produz um certo obscurecimento e modificação de sua luz. Porque sempre que a luz divina passa através de níveis de planos que são transparentes, pode haver uma alteração de cor, ou de forma, ou da qualidade da revelação, mas a luz em si continua sendo essencialmente luz. Porém, o que acontece quando a luz bate numa tela? Apesar da luz poder ser visualizada no lado escuro da tela como resultado de uma “iluminação” do outro lado, a luz em si não penetra.
Esta ideia de uma tela é somente uma imagem para explicar a essência das diferenças entre todas as coisas. No mundo da emanação, na Divindade, não há tais barreiras e a unidade é completa. Para que um mundo exista separado de D-us, precisa haver uma contração da essência superior. Esta contração de sabedoria infinita, ou remoção de abundância divina, é portanto a base para a criação do universo; e a tela — que representa o ocultamento do Divino — é a base para fazer com que os mundos se manifestem como mundos separados. Estas são as imagens centrais da Gênesis: no começo havia ocultamento e remoção — “escuridão na face da profundeza”. E dessa escuridão, resultado da existência da tela, o molde de um mundo, que será o mundo em si, pode ser gravado.