selo de Salomão

Se juntarmos duas a duas as seis extremidades dos seis raios obteremos a figura bastante conhecida do hexagrama ou “selo de Salomão”, formado por dois triângulos equiláteros opostos e entrelaçados; a estrela de seis pontas, que tem como fator diferencial o fato de que apenas o contorno exterior é traçado, trata-se de uma variante do mesmo símbolo. O hermetismo cristão da Idade Média identificava entre outras coisas, nos dois triângulos do hexagrama, uma representação da união das naturezas divina e humana na pessoa de Cristo.
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No que diz respeito aos dois triângulos opostos do “selo de Salomão” — e é a isso, em especial, que gostaríamos de chegar no presente estudo —, pode-se afirmar que representam dois ternários em que um é como que o reflexo ou a imagem invertida do outro; é por isso que esse símbolo consiste em uma figuração exata da analogia. Pode-se também, na figura de seis raios, considerar os dois ternários formados respectivamente pelas extremidades dos três raios superiores e dos três raios inferiores. Como ficam então situados de um e outro lado do plano de reflexão, acham-se separados, ao invés de se entrelaçarem como no caso precedente; mas a sua relação inversa é exatamente a mesma. Para tornar ainda mais exato o sentido do símbolo, uma parte do diâmetro horizontal é, às vezes, indicada no hexagrama (o mesmo acontecendo com a flor-de-lis). O diâmetro horizontal representa evidentemente o traço do plano de reflexão ou da “superfície das Águas”. Poderíamos ainda acrescentar uma outra representação do “sentido inverso”, considerando os dois diâmetros oblíquos como que formando o contorno aparente de dois cones opostos pelo vértice e tendo por eixo o diâmetro vertical. Aqui também, com seu vértice comum, que está no centro exato da figura, no plano de reflexão, temos que cada um desses dois cones é a imagem invertida do outro. [Guénon]