Ressurreição do Jovem (Lc VII, 11-15)

MILAGRES DE JESUS – Ressurreição do Jovem (Lc VII, 11-15)
EVANGELHO DE JESUS
E aconteceu que, no dia seguinte, ele foi à cidade chamada Naim, e com ele iam muitos dos seus discípulos, e uma grande multidão; E, quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade. E, vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores. E, chegando-se, tocou o esquife (e os que o levavam pararam), e disse: Jovem, a ti te digo: Levanta-te. E o defunto assentou-se, e começou a falar. E entregou-o a sua mãe. E de todos se apoderou o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta se levantou entre nós, e Deus visitou o seu povo. E correu dele esta fama por toda a Judeia e por toda a terra circunvizinha. (Lc 7:11-17)

É interessante notar o relato de um encontro de Jesus, acompanhado de uma multidão (tema recorrente nos evangelhos), com um cortejo fúnebre, também uma multidão, em uma “porta”. Este tema é explorado pelos sermões de Mestre Eckhart abaixo indicados.

Outro aspecto é que o defunto é um jovem, filho único de sua mãe, bastante comovida. A ressurreição do jovem se dá pelo toque de Jesus no esquife e pelo comando que ordena, como em outros relatos de ressurreição.

O tema da ressurreição só pode ser devidamente compreendido pelo entendimento justo do que seja um “homem morto”, certamente simbólico, e o comando que o leva da condição de morto à condição de vivo. Só pode fazer sentido para a vida de qualquer este milagre, como qualquer outro, se ele pode ocorrer para mim ou qualquer um, que assim é capaz desta mudança de estado, morto para vivo, pela graça e comando do Senhor.


Mestre Eckhart

Mathew Fox: Passion for Creation: The Earth-Honoring Spirituality of Meister Eckhart [MFPC]

Neste ato de Jesus é a primeira vez no Evangelho de Lucas que ele é chamado de Senhor., posto que somente Deus pode dar a vida e portante fazer ressurgir alguém de entre os mortos. Eckhart distingue entre a pessoa iluminada e a não-iluminada como entre aqueles despertos e conscientes, daqueles que não estão. É uma questão de experiência e de saborear ou não. A atitude de Eckhart para com aqueles que não saboreiam é uma certa exasperação quanto a imensa perda. Tais pessoas estão perdendo suas vidas assim como uma pessoa que mantém um bom vinho guardado mas nunca o saboreia está perdendo seu vinho.Tais pessoas imaginam estarem vivas — ainda não estão, ainda não estão ressurretas dentre os mortos. Note-se que o despertar e o levantar-se está relacionado por Eckhart à consciência ou conhecimento de Deus, que é um conhecimento, um saboreio. Precisamos despertar e levantar de nossa condição mortal por uma exploração venturosa dos mistérios que jazem sob os mistérios e no âmago sob o núcleo das coisas.

Levantar-se significa também adentrar — deve-se quebrar a casca se se quer o núcleo. Precisamos como afirma Eckhart “se tornar um e habitante”. De fato, tão profundo e tão profundamente divino é nosso núcleo interior que só Deus pode aí entrar. E mesmo Deus tem que tirar seus sapatos para entrar. “Somente com sua puríssima natureza divina pode Deus aí entrar”.