Pobreza de Espírito (Mt X, 9-10; Lc X, 4-7)

Apostolado — Começo da subida a Jerusalém — A pobreza de espírito (Mt X, 9-10; Lc X, 4-7)

EVANGELHO DE JESUS

9 Não carregueis ouro, nem prata, nem bronze em vossos cintos,
10 nem sacola para a estrada, nem duas túnicas, nem sandálias, nem cajado.
Sim, o trabalhador vale seu alimento. (Chouraqui; Mt 10:9-10)

4 Não leveis bolsa,
nem alforge, nem sandálias.
Não saudeis ninguém na estrada.
5 Em toda casa onde estrardes, dizei: “Shalôm nesta casa!”
6 E se houver ali um filho de paz, sobre ele recairá vosso shalôm.
Senão, retornará sobre vós.
7 Permanecei nessa mesma casa; comei e bebei o que há na casa:
sim, o trabalhador vale por seu salário. Não erreis de casa em casa. (Chouraqui; Lc 10:4-7)


Roberto Pla: Evangelho de ToméLogion 73

a) O obreiro que trabalha na messe, pode oficiar em três altares diferentes, de ouro, de prata e de cobre. De ouro, que é a região do espírito, para “prová-lo”, tal como pediu Zacarias que se fizesse; de prata, que é a vida da alma, com fins de purificação; e de cobre, para limpeza e saúde corporal e perpetuação da espécie. Esta classificação ternária responde às três regiões cósmicas do Gênesis, segundo a Luz, a água e a terra. O que diz Jesus é que de tais coisas se provê sempre o trabalhador por dispensação gratuita, natural. Ao alegar multiplicação de bens sob os cintos, se segue um impulso de cobiça até a riqueza que pugna com a confiada pobreza do bem-aventurado.

b) Para subir ao monte da Jerusalém celestial, não se necessita outra coisa que beber na fonte de sabedoria que emana das fontes do Filho do Homem, e tal água de vida não leva em alforges, porque se simplifica em “o-que-se-é”. Por isso, não há que revestir-se com outra túnica feita com “o-que-não-se-é”; nem levar sandálias que não servem para endereçar os passos da alma; nem buscar apoio na informação alheias, ou nas cerimônias; pois o verdadeiro Mestre sempre “está aqui”, no interior. Ele é o Homem, o Filho do Homem.

c) O Filho do Homem não falha jamais, e provê incansável, a quem crê nele e o escuta e cumpre sua palavra, tudo o que o “trabalhador” necessita para aceder ao lugar santo.