Sermão da Montanha — BEATITUDES
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus; (Mt 5:3)
E, levantando ele os olhos para os seus discípulos, dizia: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus. (Lc 6:20)
André Chouraqui: humilhados no sopro
Clemente de Alexandria: salvação do homem rico
Tertuliano:
A quem, exceto o paciente, o Senhor chamou feliz, dizendo, “Bem-aventurados são os pobres em espírito, pois deles é o reino dos céus? Certamente ninguém é “pobre em espírito”, exceto o humilde.
Bem-aventurados portanto são os pobres, porque, Ele diz, o reino do céu é daqueles que só tem a alma entesourada.
Agostinho de Hipona: Agostinho Sermão da Montanha
O que diz, então, o Senhor?
“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5,3).
Lemos na Sagrada Escritura acerca da cobiça dos bens temporais que “Tudo é vaidade e presunção dos espíritos” (Ecl 1,14, cf. a LXX). Ora, presunção de espírito quer dizer orgulho e arrogância. Assim é dito, frequentemente, dos orgulhosos que estão cheios de si. Com razão, pois, a palavra “espírito” também significa vento. De fato, está escrito: “O fogo, o granizo, a neve, a geada, o vento (spiritus) das tempestades” (SI 148,8). Na verdade, quem ignora que se diz dos soberbos, que eles estão inchados como se estivessem cheios de vento? Isso levou o Apóstolo a dizer: “A ciência incha; é a caridade que edifica” (ICor 8,1).
Logo, com razão se estende aqui que são pobres de espírito, os humildes e tementes a Deus, isto é, os desprovidos de todo espírito que incha.
Esta bem-aventurança não poderia ter sido iniciada de outro modo, porque ela deve fazer-nos chegar à suma sabedoria, e que: “O princípio da sabedoria é o temor de Deus” (Eclo 1,16). Enquanto, pelo contrário, “O princípio de todo o pecado é a soberba” (Eclo 10,15). Desse modo, que os soberbos apeteçam e procurem os reinos da terra, mas “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5,3).
Roberto Pla: Evangelho de Tomé – Logion 29 e Evangelho de Tomé – Logion 54
A qualificação de “pobre” implica ademais de uma busca da justiça, a consumação da humildade até o ponto de esvaziamento até chegar a não ser nada, ser como nada. Se Mateus diz “pobre de espírito” é para esclarecer que se refere à pobreza pura, a desnudez, a qual só é possível na consciência do homem pneumático. É o espírito o que garante a “pobreza perfeita”, total.
*E disse Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça. (Mt 8:20)
Por outro lado, com a locução “pobre de espírito”, confirma o evangelho que a não identificação absoluta em que se funda a pobreza bem-aventurada, tem pouco que ver com o fato material de ser rico ou pobre de bens e sim integramente com a vida em espírito. Se a pobreza de bens materiais é aconselhada outras vezes pelo evangelho, é pelas consonâncias morais e sociais que comporta em uma sociedade muito necessitada geralmente de uma melhor distribuição desses bens, e também porque a renúncia material leva consigo um desembaraço de preocupações e menos peso de equipamentos para a viagem da consciência até o último “Adão, espírito que dá vida”. Pelo que se pode coligir é a este, ao espírito, o vento de Deus, quando jaz cativo em miríades de consciências individuais ou, melhor ainda, é a estas individualidades, os “pobres” (de espírito) a aos quais Jesus veio anunciar a Boa Nova, “para reunir em um aos Filhos de Deus que estavam dispersos”.
*E não somente pela nação, mas também para reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos. (Jo 11:52)
Perenialistas: Perenialistas Pobres em Espírito