Jaroslav Pelikan — Cristandade e Cultura Clássica
Permanece sendo uma das maiores convergências lingüísticas na história do pensamento humano que o Novo testamento tenha sido escrito em grego — não no hebraico de Moisés e os profetas, nem no aramaico de Jesus e seus discípulos, nem no latim do imperium Romanum, mas no grego de Sócrates e Platão, ou pelo menos em um razoavelmente similar, disfarçado e até desfigurado na Koine por séculos de uso helênico. Como resultado desta convergência, toda tentativa de tradução do Novo Testamento em qualquer uma das duas mil línguas — incluindo línguas semitas como o siríaco, com todas as suas finidades com o hebraico e o aramaico — se deparou, no encontro com qualquer termo chave, com necessária consideração da carreira prévia deste termo na história da língua grega; e isto foi um problema de teologia natural assim como um problema de filologia. Isto foi inevitável, por exemplo, ao lidar com termo como logos no primeiro capítulo do Evangelho de João, ou hypostasis no primeiro capítulo da Epístola aos Hebreus. Havia um imenso precedente para ambos os termos gregos e para muitos outros como estes na tradução da Septuaginta, mas todos vieram em última instância da filosofia e da ciência clássica e helenista.