Orígenes: Tratado dos Princípios
Examinemos a passagem evangélica onde o Salvador responde àqueles que lhe perguntam porque fala à multidão em parábolas: “para que, disse ele, vendo, não vejam e ouvindo, ouçam e não compreendam, para que não se convertam e não lhes seja perdoado.
O oponente dirá: posto que de toda maneira estes se convertem quando ouvem o ensinamento mais claro, e de tal maneira que se tornam dignos de receber a remissão dos pecados, posto que, por outro lado, não está no poder deles de ouvir as palavras mais claras, mas no poder do Mestre — e eis porque o Mestre não os anuncia mais claramente, para que não vejam e não compreendam —, não está no poder deles de serem salvos. Se assim é, não temos livre arbítrio no que concerne a salvação ou a perdição. Poderia se justificar esta passagem de uma maneira convincente, se o Cristo não tivesse adicionado: “para que não se convertam e que não lhes seja perdoado”: neste caso o Senhor não queria que aqueles que não deviam ser homens honestos pudessem compreender as realidades mais místicas, e eis porque lhes falava em parábolas.
Jerônimo: Jesus estava no interior, Ele se mantinha na casa, Ele expunha os mistérios a seus discípulos.