Padres da Igreja sobre as Párabolas

Orígenes: Tratado dos Princípios

Verdadeiramente aqueles de fora, a quem se aplicava esta palavra, o Salvador dizia, segundo o texto proposto (Parábolas), que eles não seriam sólidos em sua conversão, se entendessem diretamente o que lhes era dito, e eis porque o Senhor fez de sorte que não ouvissem mais claramente as palavras mais profundas, com receio que, muito rapidamente convertidos e curados em obtendo a remissão, desprezando como benignas e fáceis de curar as feridas da malícia, aí não caiam muito rápido. Talvez, sofrendo então a pena dos pecados que cometeram outrora conta a virtude em a abandonando, não alcancem ainda o tempo conveniente senão, depois de serem privados das visitas divinas e ressaciados pelos males que eles mesmos semearam, serão chamados mais tarde a uma penitência mais sólida, e não caiam tão rápido nos males onde anteriormente caíram, quando insultavam a dignidade do bem e que se lançavam ao pior. Aqueles que estão foras, evidentemente por comparação com aqueles de dentro, não se encontram totalmente afastados daqueles de dentro, na medida que estes últimos entendem claramente, entendem de maneira obscura porque lhes é falado em parábolas: entendem no entanto.

Examinemos a passagem evangélica onde o Salvador responde àqueles que lhe perguntam porque fala à multidão em parábolas: “para que, disse ele, vendo, não vejam e ouvindo, ouçam e não compreendam, para que não se convertam e não lhes seja perdoado.

O oponente dirá: posto que de toda maneira estes se convertem quando ouvem o ensinamento mais claro, e de tal maneira que se tornam dignos de receber a remissão dos pecados, posto que, por outro lado, não está no poder deles de ouvir as palavras mais claras, mas no poder do Mestre — e eis porque o Mestre não os anuncia mais claramente, para que não vejam e não compreendam —, não está no poder deles de serem salvos. Se assim é, não temos livre arbítrio no que concerne a salvação ou a perdição. Poderia se justificar esta passagem de uma maneira convincente, se o Cristo não tivesse adicionado: “para que não se convertam e que não lhes seja perdoado”: neste caso o Senhor não queria que aqueles que não deviam ser homens honestos pudessem compreender as realidades mais místicas, e eis porque lhes falava em parábolas.

Jerônimo: Jesus estava no interior, Ele se mantinha na casa, Ele expunha os mistérios a seus discípulos.

Romano Guardini: PARÁBOLAS