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Orígenes — O Culto Cristão

Existem certas coisas nas observâncias da Igreja que todos devem fazer e as quais, no entanto, todos não vêem razão: por exemplo, o fato que nós nos ajoelhamos para orar e que, entre todas as regiões do céu, é em direção ao Oriente apenas que nós nos voltamos para lançar nossas orações. Do mesmo modo, quem pode explicar facilmente a razão de receber a eucaristia ou da explicação do rito segundo o qual ela se efetua, ou das palavras, dos gestos, das ordens, das interrogações, das respostas que têm lugar no batismo. (Homilias a Números)

É preciso dizer também algumas palavras sobre a parte do mundo em direção a qual nós nos voltamos para orar. Quem não concordaria imediatamente em indicar a direção do Oriente (anatole) como aquela em direção a qual é preciso nos voltar simbolicamente para fazer nossas orações, a alma fixando os olhos em direção ao oriente da verdadeira luz. Se qualquer um, as portas de sua casa estando abertas de um outro lado, prefere apresentar sua homenagem do lado onde sua casa se abre, dizendo que a vista do céu tem qualquer coisa que recolhe melhor a alma que a vista do muro, se as aberturas da casa não são voltadas em direção do Oriente, deve-se dizer-lhe que é pela instituição dos homens que é em direção a tal ou tal parte do mundo que sua casa se abre, enquanto que é por natureza que o Oriente prevalece sobre as outras partes do mundo. Ora aquilo que é de lei natural deve prevalecer sobre aquilo que é de lei positiva. (Tratado da Prece, 32)

Como as atitudes do corpo são inumeráveis, é aquela onde estendemos as mãos e onde elevamos os olhos ao céu que deve ser certamente preferida a todas as outras, para exprimir no corpo a imagem das disposições da alma na oração. Mas é necessário por assim dizer estender a alma antes das mãos, elevar o espírito em direção a Deus antes dos olhos; e antes de elevar, desprender o espírito da terra e se manter diante do Deus do universo; enfim, depor todo ressentimento das ofensas que se crê ter recebido, se se quer que Deus perdoe também aquilo que se fez de mal. (Tratado da Prece 31)