Orígenes — Tratado da Oração
V — Objeções contra a oração
Depois disso, se, como quereis, devem ser expostos, em primeiro lugar os argumentos daqueles que acham que nada se obtém com a oração (euche) e, por conseguinte, afirmam a sua super-fluidade, não nos recusamos a estudar esta dificuldade, na medida das nossas forças, empregando o termo oração na acepção mais comum e mais simples. (…)
Tal opinião é tão indigna e desprovida de defensores ilustres, que dificilmente se encontrará entre os que admitem a Providência e sabem ser Deus o Senhor de todas as coisas, alguém que não aceite a oração.
Esta é a opinião dos que são inteiramente ateus e negam a existência de Deus, como também daqueles que admitem a Deus, de nome, mas rejeitam a Providência (pronoia). É, porém, o poder inimigo (cf. 2 Ts 2, 4.9) que, desejando opor as doutrinas mais ímpias ao nome de Cristo e ao ensinamento do Filho de Deus, pôde persuadir a alguns que não é preciso orar. São desta opinião os que negam totalmente as coisas sensíveis e não fazem uso nem do Batismo nem da Eucaristia, distorcem com seus sofismas as Escrituras, como se elas não quisessem a oração, mas ensinassem coisa muito diversa.