ORÍGENES — SOBRE OS PRINCÍPIOS
A IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS (liv. III, c. 6; P.G. 11, 333 — tradução Cirilo Folchs Gomes)
Depois de dizer Deus: “façamos o homem à nossa imagem e semelhança”, prossegue o narrador: “E o fez à imagem de Deus” sem acrescentar nada acerca da semelhança. Isto indica que em sua primeira criação o homem recebeu a dignidade de imagem de Deus, mas que a perfeição da semelhança está reservada para a consumação total, até que o mesmo homem, com seu próprio esforço diligente por imitar a Deus, possa consegui-la. Desta sorte, lhe é dada desde o princípio a possibilidade da perfeição através da dignidade da imagem, e depois, no final, através das obras que faz, o homem alcança a plena realização dela à semelhança de Deus. O apóstolo João declara estas coisas mais lucidamente ao dizer: “Filhinhos meus, ainda não conhecemos o que seremos, mas quando se nos revelar o referente a nosso Salvador poderemos dizer sem dúvida: seremos como ele”.