O problema inicial de Cristo não está em Sua existência ab aeterno, mas na Ennoia, ou primeiro Pensamento, com o qual Deus quebrou Sua quietude. Os sectários da Pistis Sophia e dos Livros de Jeú discorriam como os outros.
A primeira Ennoia, ligada a uma economia livre, determinou com seu aparecimento o do Intelecto (= Noûs = Filho), o princípio e mediador pessoal da saúde futura.
Os Livros de Jeú orquestraram com toques pessoais esse primeiro passo comum a todos os gnósticos. Eles sublinham duas coisas: a) a essência de Deus (Pai) perseverou inacessível como ab aeterno, sem prejudicar sua transcendência e majestade; b) a economia positiva — desde a concepção do Filho (= Jesus) até a sintetização dos predestinados nele —, longe de comprometer a existência única e soberana do Pai, torna-se a expressão de sua munificência. Um único raio infinitesimal, dirigido para fora por Deus, é suficiente para construir os estratos de Luz — desde o Primeiro Mistério até os elementos mais baixos do kerasmos — e para preencher a história da saúde humana. No devido tempo, o raio retornará — na direção oposta — ao ponto de origem, incorporando as radiações divinas da criação à unidade da ideia (= Jesus) da qual partiu.
A Pistis Sophia e os Livros de Jeú multiplicaram, talvez, as riquezas nos vários estratos do céu e da terra — germinalmente contidas na ideia infinitesimal e mínima — como alguém que tem prazer em descrever seu conteúdo infinito para destacar (implicitamente) a majestade de Deus. Se Sua ideia mínima, o raio solitário de um Deus todo luz, esconde tantos tesouros, o que será o próprio Deus, aquilo em que Ele se regozija com a plenitude da mente voltada para Si mesmo?