Odes de Salomão

ODES DE SALOMÃO

Segundo Robert Murray, provavelmente a mais antiga obra siríaca. A recente edição de Charlesworth garante uma mais justa abordagem destes misteriosos poemas. O meio de onde provêm certamente é judeu-cristão, não gnóstico (?), e provavelmente datam da mesma época que os escritos de Inácio e do Quarto Evangelho. Na opinião dos acadêmicos as imagens sugerem interpretação batismal, embora continuem a desafiar sistematizações.

Apócrifos del Antiguo Testamento, Alejandro Díez Macho † , Antonio Piñero Sáenz, tomo III, Ediciones Cristiandad, Madrid, 1982 , 2002 (segunda edición), 613 p., ISBN: 84-7057-323-3.

Odes de Salomão — (OdSl) — por A. Peral e X. Alegre
Contribuição e tradução da página 81, por Antonio Carneiro.
Introdução
I. Descrição do Livro.

As OdSl foram descobertas por J.R. Harris num manuscrito siríaco encontrado na região do Tigre e editadas por ele em 1909. Sua publicação despertou enorme interesse entre os pesquisadores, pois alguns (entre eles Rudolf Bultmann) acreditavam que as OdSl ou um escrito similar podiam ter inspirado a São João na composição de seu Evangelho. A. Harnack chegou a afirmar que com as odes foi descoberto “ o canteiro do qual se haviam talhados os pilares joânicos” (“ Ein jüdischchristliches Psalmbuch aus dem I. Jahrhundert (Leipzig, 1910), 111).

A coleção constava originalmente de 42 hinos de carater sapiencial e de inspiração mais para carismática. Desses, 40 se conservaram em língua siríaca e um (ode 1a.) em uma tradução copta contida na “Pistis Sophia” , obra que reproduz, aliás na mesma língua, uma versão das OdSl 5, 1-11, OdSl 6, 8-18, OdSl 22 e OdSl 25, interpretando gnosticamente os textos.

As OdSl descrevem e cantam, em um tom marcadamente otimista, a salvação que o aedo e cada um dos membros da comunidade receberam do Senhor. Como é corrente neste tipo de literatura (cf. os salmos do AT), o autor fala em primeira pessoa na maioria das odes. Mas amiúde resulta difícil verificar se o personagem, em cuja boca supõe-se estão as diferentes odes, é Deus, o Messias, ou o próprio autor. Até que ponto se identificam entre si em alguns textos o autor e o Senhor, que não basta apelar para a consciência profética do aedo para explicar este fenômeno. Se a isso se une o fato de que, com frequência, a linguagem e as imagens empregadas resultam um pouco abstrusas, difíceis de interpretar e surpreendentes para a espiritualidade cristã contemporânea (cf. por ex. OdSl 19, 1 ss e OdSl 38, 10 ss), se compreenderá por que desde antigamente se sustentou um possível panorama gnóstico das OdSl.

Excertos