Nome Jesus Pratica

::-=Monge da igreja do Oriente — A Invocação do Nome de Jesus=-::
Excertos da tradução em português de Célia Maria Leal da C. Genovez
A FORMA DA INVOCAÇÃO DO NOME

“Jacó perguntou-lhe: ‘Revela-me, por favor, teu Nome’. E ele disse: ‘Por que perguntas pelo meu Nome?’ E ali mesmo o abençoou” (Gn 32,29).

1. Podemos invocar o Nome de Jesus em diversos contextos.

Cada pessoa há de encontrar a forma mais apropriada à sua oração individual. Contudo, qualquer que seja a forma usada, o coração e o centro da invocação devem ser o próprio santo Nome, a palavra Jesus. Aí reside toda a força da invocação.

2. O Nome de Jesus tanto pode ser invocado sozinho como estar inserido em uma frase mais ou menos desenvolvida. No Oriente a forma mais comum é: “Senhor1, Filho de Deus, tem piedade de mim, um pecador”. Poderíamos simplesmente dizer: “Jesus Cristo” ou “Senhor Jesus”. A invocação pode ser reduzida a uma única palavra: “Jesus”.

3. Esta última forma — Jesus — é a mais antiga forma de invocação do Nome. É a mais abreviada, mais simples e fácil. Sem menosprezar as outras fórmulas, sugerimos que apenas a palavra Jesus seja usada.

4. Quando falamos da Invocação do Nome referimo-nos à repetição devota e frequente do Nome em si, da palavra Jesus sem acréscimos. O Santo Nome é a oração.

5. O Nome de Jesus pode ser pronunciado ou pensado em silêncio. Em ambos os casos há uma invocação real do Nome, vocal no primeiro caso e puramente mental no segundo. Esta oração permite fácil transição da oração vocal à oração mental. Mesmo a repetição vocal do Nome, se for lenta e meditada, nos conduz à oração mental e predispõe a alma à contemplação.

A PRÁTICA DA INVOCAÇÃO DO NOME

“Esperarei em teu Nome” (SI 52,9)

6. A invocação do Nome pode ser praticada em qualquer lugar e a qualquer momento. Podemos pronunciar o Nome de Jesus nas ruas, no local de nosso trabalho, em nosso quarto, na Igreja etc. Podemos repetir o Nome enquanto andamos. Além do uso livre do Nome, não determinado ou limitado por alguma regra, parece-nos indicado consagrar certos momentos e locais à invocação “regular” do Nome.

Quem estiver adiantado nesta forma de oração pode prescindir de tais cuidados. Entretanto constituem condição quase necessária para os principiantes.

7. Se reservarmos diariamente certo tempo à invocação do Nome (além da invocação “livre” que deveria ser feita com a maior frequência possível), esta deveria ser praticada — se as circunstâncias o permitirem — em local isolado e tranquilo.

“Tu, quando orares, entra em teu aposento e, fechando a porta, ora a Teu Pai ocultamente”2,6).

A postura corporal não importa muito. Pode-se caminhar, estar sentado, recostado ou de joelhos. A melhor postura é a que permite maior quietude física e concentração profunda. Pode servir de ajuda uma atitude física que expresse humildade e adoração.

8. Antes de começar a pronunciar o Nome de Jesus, estabeleça paz e recolhimento no seu interior e peça inspiração e guia ao3. “Ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor se não for pelo Espírito Santo” (ICor 12,3). O Nome de Jesus não pode realmente entrar em um coração que não esteja pleno pelo sopro purificador e pela chama do4. O próprio Es-, pírito soprará e acenderá em nós o Nome do Filho.

9. Então simplesmente comece. Para caminhar temos que dar o primeiro passo; para nadar precisamos nos atirar às águas. Ocorre o mesmo com a invocação do Nome. Comece a pronunciá-lo com adoração e amor. Apegue-se a ele. Repita-o. Não pense que está invocando o Nome: pense apenas no próprio Cristo. Pronuncie seu Nome lenta, suave e serenamente.

10. Um erro comum aos principiantes consiste em associar a invocação do Santo Nome à intensidade profunda ou emoção. Tentam pronunciá-lo com grande vigor. Mas o Nome de Jesus não deve ser gritado ou formulado com violência, nem mesmo interiormente. Ao ser ordenado a Elias que se apresentasse diante do Senhor, houve um vento forte e impetuoso, mas o Senhor não estava no vento; e após o vento, um terremoto, mas o Senhor não estava no terremoto; e após o terremoto um fogo, mas o Senhor não estava no fogo. Após o fogo veio o sussurro de uma brisa suave. “E foi assim que Elias, ao ouví-lo, cobriu sua face com o manto, saiu e pos-se à entrada da gruta…” (lRs 19,13).

Esforço árduo e busca de intensidade serão em vão. A medida que repetir o Santo Nome, reúna ao redor dele, serenamente, pouco a pouco, seus pensamentos, sentimentos e vontade, centralize nele todo o seu ser. Deixe o Nome penetrar em sua alma como uma gota de óleo se expande e impregna um tecido. Não deixe escapar nada de seu ser. Entregue seu ser completo e encerre-o no Nome.

11. Mesmo no próprio ato de invocação do Nome, sua repetição literal não deveria ser contínua. O Nome pronunciado poderia extender-se e prolongar-se por segundos ou minutos de repouso e atenção silenciosa. A repetição do Nome pode ser comparada ao bater de5 pelo qual um pássaro se eleva no ar. A invocação nunca deve ser trabalhosa, forçada ou apressada, nem recordar violento bater de asas. Deve ser um movimento suave, livre e — conferindo à palavra seu significado mais profundo — gracioso. Ao alcançar a altura desejada, o pássaro desliza em seu voo e apenas bate suas6 de vez em quando a fim de permanecer no ar. Assim, a alma, tendo atingido o pensamento de Jesus e plena de sua recordação pode interromper a repetição do Nome e descansar em Nosso Senhor. A repetição será retomada apenas quando outros pensamentos ameaçarem afastar o de Jesus. Então, a invocação começará outra vez a fim de ganhar novo ímpeto.

12. Continue esta invocação pelo tempo que desejar ou puder. A oração é naturalmente interrompida pelo cansaço. Não insista. Mas retome-a a qualquer momento, onde quer que esteja, ao sentir-se inclinado a isso. A seu devido tempo descobrirá que o Nome de Jesus virá espontaneamente a seus lábios e quase continuamente estará presente em sua mente, de forma tranquila e latente. Mesmo seu sono estará impregnado com o Nome e a memória de Jesus. “Eu dormia mas meu coração velava” (Ct 5,2).

13. Quando estamos ocupados na invocação do Nome, é natural que tenhamos esperança e procuremos atingir algum resultado “positivo” e “tangível”, isto é, sentir que estabelecemos um contato real com a pessoa de Nosso Senhor: “Se eu apenas tocar sua veste ficarei curada” (Mt 9,21). Esta feliz experiência é o cume desejado da invocação do Nome: “Eu não te deixarei se não me abençoares” (Gn 32,27). Devemos, contudo, evitar o anelo ansioso por estas experiências: a emoção religiosa pode facilmente tornar-se um disfarce de uma forma perigosa de avareza e sensualidade. Não pensemos que se passamos certo tempo invocando o Nome sem “sentir” nada, que perdemos nosso tempo em um esforço infrutífero. Ao contrário, esta oração aparentemente estéril pode ser mais agradável a Deus que nossos momentos de arrebatamento, porque está purificada de qualquer busca egoísta de satisfação espiritual. É a oração da vontade simples e nua. Deveríamos, portanto, perseverar em estabelecer cada dia um tempo regular e fixo para a invocação do Nome, mesmo que esta oração nos pareça deixar frios e áridos; este esforço sério da vontade, essa sóbria “espera” do Nome não deixará de trazer-nos bênção e força.

14. Além do Mais, a invocação do Nome raramente produz um estado de aridez. Aqueles que possuem alguma experiência desta forma de oração concordam que frequentemente vem acompanhada por um sentimento profundo de alegria, ardor e luz. Tem-se a impressão de mover-se e caminhar na luz. Nesta oração não há nada pesado, aborrecido, forçado. “Teu Nome é como um óleo que se derrama… Arrasta-me contigo, corramos”! (Ct 1,3-4).


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