Niceforo o Solitario

PHILOKALIA — Nicéforo, o Solitário (segunda metade do século XIII)

Também chamado Nicéforo, o Hesicasta ou o Hagiorita, ele é a primeira testemunha — sem dúvida quanto à data — da oração de Jesus, combinada com uma técnica respiratória.

Segundo o testemunho de Gregório Palamas (texto fundamental publicado num Anuário teológico romeno, pelo Pe. Staniloae e reproduzido pelo Pe. M. Jugie: Note sur le moine hésychaste Nicéphore et sa méthode d’oraison, Échos d’Orient, 35, 1936, 409-412), Nicéforo, “italiano” de origem, passou à ortodoxia e abraçou a vida eremítica no monte Atos. Adversário da política religiosa de Miguel VIII Paleólogo (1261-1282), foi exilado. Ele reuniu, ainda segundo o testemunho de Gregório Palamas, uma antologia de textos patrísticos sobre a sobriedade. Depois, diante da incapacidade de muitos principiantes de fixar o espírito, apresentou um método para impedir essas divagações da imaginação (comparar com uma passagem, do mesmo Gregório, da Defesa dos santos hesicastas (P.G. t. 150, cc. 1101s), reproduzida mais adiante). A primeira parte — e a mais extensa — é uma exaltação da vida hesicasta, isto é, do estado de sobriedade e de atenção. A segunda, que foi, no princípio, uma espécie de opúsculo independente, trata do método respiratório. Jean Gouillard

Mircea Eliade, sobre este texto de Jean Gouillard, afirma:
Nicéforo é “a primeira testemunha, de data indiscutível, da prece de Jesus associada a uma técnica respiratória” (Jean Gouillard, Petite Philocalie, p. 185). Em seu tratado Da Guarda do Coração, Nicéforo expõe minuciosamente esse método. “Tal como te disse, senta-te, recolhe teu espírito, introduze-o nas narinas; é o caminho trilhado pelo alento para ir ao coração. Empurra-o, obriga-o a descer a teu coração juntamente com o ar inspirado. Verás que, quando ele ali chegar, grande será teu júbilo […]. Assim como o homem que, de volta ao lar depois de um período de ausência, não contém a alegria de poder rever a mulher e os filhos, assim também o espírito, depois de juntar-se à alma, extravasa uma alegria e delícias inefáveis […]. Fica sabendo que, enquanto teu espírito ali se encontra, não deves calar-te nem permanecer ocioso. Mas não tenhas outros cuidados, nem meditações, a não ser bradar: ‘Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tenha piedade de mim!’. Não esmoreças, qualquer que seja o motivo’ (Tradução francesa de J. Gouillard, op cit, p. 204. Sobre as analogias com as práticas ióguicas e o dhikr, ver nosso livro Le yoga, pp. 72 s — Tradução em português, publicada pela Palas Athenas).

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