::-=Adin Even Yisrael (Steinsaltz) — A Rosa de Treze Pétalas=-::
~tc~(alias(Kelipah)), (alias(Kelipat Noga)), (alias(Anjos do Mal)), (alias(Anjos Subversivos)), (alias(Mundo do Mal)), (alias(males)), (alias(mundo da escuridão))~/tc~
”Excertos de “A Rosa de Treze Pétalas”. Maayanot, 1992.”
!!!!Mundos do Mal
No que diz respeito ao nosso mundo — o1 — além de um2, ele também contém um3 — de fato, um número bastante grande de mundos espirituais. Esses mundos e suas diversas4 variam muito — de fato, tanto, que é extremamente difícil ver alguma unidade em seu valor espiritual. Por um lado as esferas de ação do espírito que nascem da sabedoria e da criatividade — como a filosofia, a matemática, a arte, a poesia e similares, que são moralmente ou qualitativamente neutras em suas ideias de verdade ou beleza — são fáceis de reconhecer. Por outro lado, há campos de ação do espírito que têm um certo valor gnóstico, com um sistema de valores diferentes, e que se prestam, pois, a uma espiritualidade positiva ou negativa. Porque assim como há espaço para funcionamento físico e espiritual de todo tipo que elevam o mundo e o homem a níveis mais altos de5 no mundo da ação, também há aquele que estabelece contacto entre o mundo dos seres humanos e os6 ao nosso. Esses mundos são chamados os “campos de ação do mal”, os mundos da Kelipah, a carcaça externa.
Os campos de ação da Kelipah constituem mansões, e nelas, também, existem sistemas hierárquicos, um acima do outro (na realidade um abaixo do outro), sendo que o7 se torna mais enfático e mais óbvio a cada nível diferente. E podemos supor que haja uma forte inter-relação com o mundo da ação. Porque apesar que em si mesmo o mundo da ação é neutro, em termos de sua implicância gnóstica, ele pertence aos mundos do mal, a um dos níveis da carcaça externa denominada Kelipat Noga. Este é um nível do ser que contém tudo que em sua essência não é dirigido para ou contra a santidade. Então, em termos de santidade, mantém uma posição neutra. Porém, quando o homem afunda completamente em sua posição neutra, sem desembaraçar-se em absoluto dela, ele deixa de perceber seu destino humano específico e fica destituído, no próprio núcleo do seu ser.
Abaixo da esfera de ação da Kelipat Noga estão os mundos totalmente maus. Cada um deles tem o seu próprio aspecto do mal e, como no caso dos mundos da santidade, está conectado dinamicamente com os outros, pelas ligações da transformação entre mundos e planos, num processo que continua descendo até a profundidade mais baixa do mal. Como em todos os mundos, nas esferas de ação do mal, a manifestação assume três formas: mundos, ano e alma. Em outras palavras, há um fundo geral da existência, agindo como lugar no sentido espiritual (mundo); há um aspecto conectado com a relação ao8 de910); e do mesmo modo, eles têm um aspecto11 — ou seja, criaturas espirituais que habitam os mundos do mal. Esses seres que habitam os mundos do mal também são chamados de “12”, mas são anjos mais propriamente subversivos, anjos da destruição. E como os anjos dos mundos superiores, também são seres espirituais e cada um deles está limitado a uma essência bem definida e ao seu próprio fim. Do mesmo modo que na esfera de ação da santidade há a qualidade (ou anjo) do amor-em-santidade, do temor-em-santidade, e assim por diante, também há emanações e impulsos contrastantes no campo de ação do mal, anjos da destruição que expressam amor-na-maldade, medo-na-corrupção, e assim por diante.
Alguns desses anjos perniciosos são seres auto-suficientes com caracteres claramente definidos e específicos, cuja existência é, num certo sentido, eterna pelo menos até o tempo quando o mal desapareça da face da terra. Outrossim, há os anjos subversivos criados pelas ações dos homens, pela objetificação da malevolência: o pensamento ruim, o13 inspirado pelo14, a má ação. Porque além de suas consequências visivelmente destrutivas, todo ato de15 ou de maldade cria um ser abstrato gnóstico, que é um anjo mau, um anjo que pertence ao plano do mal correspondente ao estado mental que o fez existir. No entanto, em sua essência interna, as criaturas das esferas de ação do mal não são entidades independentes que vivem das suas próprias forças; sua existência depende do nosso mundo. Isto quer dizer que recebem seu poder vital do nosso mundo, suas fontes que podem somente copiar de várias maneiras, em planos progressivamente mais baixos. Assim como é verdade, para os16, que é o homem e somente o homem quem é capaz de17 e18 o19, assim também, somente o homem pode fazer o mal. Seja o que for que o homem fizer, por sua vez cria e favorece uma abundância de vida; seu ser espiritual inteiro está envolvido em cada ato, e o anjo assim formado o acompanha como sua obra, como parte da existência que o rodeia. Como os anjos da santidade, os anjos da destruição são, até um certo grau, canais para transferir a abundância que, quando é transmutada do nosso mundo, desce as escadas da corrupção, nível após nível, até as profundezas mais baixas dos mundos da abominação.
Por conseguinte, esses mundos do mal agem em conjunto com, e diretamente sobre, o homem, seja em formas naturais e concretas, ou em formas abstratas espirituais. Portanto, os anjos subversivos também são tentadores e incitadores ao mal, porque trazem o conhecimento do mal do seu mundo, para o nosso. E ao mesmo tempo, quanto maior for o mal que um homem fizer, maior será a força de vida que esses anjos retirarão dele para o seu mundo.
Por outro lado, esses mesmos anjos subversivos também servem como instrumento de punição do20. Porque o pecador é punido pelas consequências inevitáveis dos seus atos, assim como o tzaddik ou21 recebe sua recompensa nas consequências dos seus atos benévolos. Em resumo, o pecador é punido pelo fechamento do círculo, sendo colocado em contacto com o campo de ação do mal que cria. Os anjos subversivos são revelados numa variedade de formas, de maneiras tanto materiais quanto espirituais, e em sua revelação, eles punem o homem pelos seus pecados neste nosso mundo, fazendo-o sofrer tormento e dor, derrota e angústia, física e espiritualmente. Os anjos subversivos agem num sentido como manifestações e mensageiros do mal, e em outro sentido, constituem uma parte necessária da totalidade da existência. Porque apesar que, como nos mundos do mal em geral, os anjos subversivos não são seres ideais, mesmo assim eles têm uma função no mundo, que lhe permite funcionar como funciona. Com certeza, se o mundo eliminasse todo o mal, completamente, então a consequência seria o desaparecimento dos anjos subversivos, porque eles existem como parasitas permanentes que vivem do homem. Mas enquanto o homem escolher o mal, ele sustentará e alimentará mundos e mansões inteiros de mal, todos eles apoiados na mesma22 da alma humana. De fato, esses mundos e mansões do mal fomentam essas doenças e fazem parte da dor e dos sofrimentos que causam. Neste sentido, a própria origem dos demônios está condicionada pelos fatores que influenciam — como uma força policial cuja existência é útil e necessária somente devido à existência do crime. A implicação espiritual dos anjos subversivos constitui, além de sua função negativa, uma estrutura destinada a impedir que o mundo deslize para o mal.
No entanto, o fato que persiste é que esses anjos crescem em resistência e poder, constantemente reforçados pelo aumento do mal no mundo. Portanto, sua existência é bilateral e ambígua: por um lado, a razão principal de sua criação é servir como impedimento e como limite (e neste sentido são partes necessárias do sistema global dos mundos); por outro lado, à medida que o mal floresce e se espalha pelo mundo devido às ações do homem, esses anjos destrutivos tornam-se existências cada vez mais independentes, formando um campo de ação inteiro que se alimenta do mal e engorda dele. Então a própria razão de ser deste campo de ação é esquecida, e parece que se tornou mal como um fim em si mesmo. Nesse ponto do paradoxo, a vastidão e a meta magnífica da finalidade e do significado do ser humano tornam-se evidentes. Vemos que o homem pode liberar-se da23 acumulada do mal, ato pelo qual ele obriga os mundos do mal a encolherem até o seu molde original; mais ainda, ele é capaz de mudar esses mundos completamente, para que possam ser incluídos no sistema dos mundos do sagrado, o que acontece quando essa parte deles que tinha se tornado corrupta desaparece completamente, e essa parte deles que tinha servido de apoio e impedimento assume um caráter totalmente diferente.
Não obstante, enquanto o mundo permanecer como está, os anjos subversivos continuarão a existir dentro da própria substância do mundo da ação, e até em domínios superiores, achando um lugar para si onde houver alguma inclinação para o mal. Mas isso acontece porque eles mesmos instigam e evocam a produção do mal. Assim, eles recebem sua vida e poder como resultado de algo que provocaram; e depois, finalmente, pela sua própria existência, constituem um castigo para as coisas que ajudaram a produzir. Os mundos e as mansões do mal pertencem, neste sentido, à estrutura geral do mundo da ação, e um dos seus aspectos mais extremos é a mansão chamada “24”, em todas as suas formas. Porque quando a alma do homem deixa o corpo e pode relacionar-se diretamente com as essências espirituais, assim tornando-se totalmente espiritual, com nada mais que lembranças fragmentadas de ter estado conectada com o corpo, então, no decorrer das coisas, tudo o que esta alma tinha feito na vida funde-se em sua forma correta no nível adequado para ela, na vida após a morte. E, assim, a alma do pecador desce, como se expressa simbolicamente, ao Inferno. Em outras palavras, agora a alma se encontra completamente dentro do campo de ação do mundo desses anjos subversivos que criou, como pecadora; e não há refúgio deles, porque essas criaturas rodeiam a alma completamente e ficam constantemente castigando-a com castigo pleno e exigente por havê-las produzido, por haver causado a existência desses mesmos anjos. E enquanto a justa medida da angústia não tiver sido esgotada, esta alma permanece no25. O que equivale a dizer, que a alma não é castigada por algo alheio, mas por essa manifestação do mal em si mesma, criada de acordo com o seu nível e de acordo com a sua essência. Somente após ter passado através da doença, tormento e dor da existência espiritual do mal produzido por ela mesma, somente então a alma pode atingir um nível mais alto do ser, de acordo com seu estado correto e de acordo com a essência do bem que criou.
Uma vez que este campo de ação dos mundos do mal também é fundamentalmente introvertido e espiritual, ele é revelado somente mediante uma visão de algum tipo. E, portanto, as muitas descrições antropomórficas dos anjos subversivos não são diferentes da descrição dos anjos sagrados, em sua crueza e suas aproximações desajeitadas. Porque ela não foi dada para transmitir algo que não se preste à descrição material, e as imagens usadas são invariavelmente inadequadas.
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