Thomas Merton — Diário da Ásia
O grande valor deste livro encontra-se certamente na expressão ímpar da sensibilidade de Thomas Merton, e no seu dom espiritual de transmitir as observações cotidianas de sua experiência em culturas religiosas distantes da ocidental, assim como de colher citações destas tradições que assim complementam o pleno sentido de sua percepção.
A riqueza deste livro feito de anotações apressadas, referências, notas sobre conversas, esquemas sobre viagens pitorescas, unidos a introspecções profundas entremeadas com leve poesia e senso de humor, colocou muitos problemas. Os editores tiveram de consultar amigos e conhecidos de Merton no longínquo continente da Ásia e no Ocidente. Mesmo assim algumas dúvidas permaneceram quanto ao texto e ao contexto. A erudição do autor e sua memória fenomenal, tanto quanto sua capacidade de absorver e de permutar ideias, transformaram por vezes suas páginas em listas de termos ou mesmo em quebra-cabeças crípticos (onde a ordem direta não podia ser encontrada) — mas a colaboração entre editores e muitos autores e correspondentes, como o leitor irá verificar, levou a resultados bem satisfatórios. O livro é muito coerente. Sem mudar o original, como certamente Merton faria, na revisão, todas as frases foram examinadas e forneceram-se notas — bem como apêndices e um glossário. Onde palavras estrangeiras se pronunciavam de modo diferente, as variações foram conservadas; algumas vezes as trocas de palavras (do sânscrito para o páli, por exemplo), tinham de ser conservadas quando citadas ou interpretadas pelo autor. Nenhuma uniformidade foi imposta sobre sinais diacríticos; as palavras aparecem como foram escritas no original do diário e também como são conhecidas pelo “público em geral”. Isto significou algum sacrifício dos níveis acadêmicos, mas também evitou certa rigidez que teria feito do livro um tratado. A natureza improvisada do livro, onde tanto a fantasia quanto a composição de um artista permitem o lanço rápido de uma palavra em tâmil, uma citação em francês e um mandala tibetano ao mesmo tempo, onde transcrições de jornais locais e dissertações metafísicas se justapõem, parecem combinar com a variada e casual ortografia. Isto não afeta a alta seriedade do livro, pois dá colorido à estrutura, semelhante a uma rocha, e aos céus de uma peregrinação fora do comum.
Estas páginas revelam o caráter e o modo de ser de uma rara e amada personalidade. Livro que parece terminar em tragédia: mas em que o elemento trágico, que é parte da vida, é ultrapassado por vibrante humanidade. (excerto da apresentação de Amiya Chakravarti)
SUMÁRIO
GESTO E MENSAGEM DE UM SANTO DO SÉCULO XX — Prefácio de Tristão de Athayde (Alceu Amoroso Lima)
APRESENTAÇÃO — Amiya Chakravarti
NOTAS DOS EDITORES AMERICANOS
INTRODUÇÃO — Irmão Patrick Hart
PRIMEIRA PARTE
O Voo para o Oriente/15-18 de outubro
Calcutá/19-27 de outubro
Nova Déli/28-31 de outubro
Os Himalaias/1-25 de novembro
Madras/26-28 de novembro
Ceilão/29 de novembro a 6 de dezembro
Bancoc/7-8 de dezembro
PÓS-ESCRITO
SEGUNDA PARTE (Leitura complementar)
APÊNDICES
I- Carta circular aos amigos em setembro de 1968
II- Sobre a plena atenção pelo Bikkhu Khantipalo
III- Palestra de Thomas Merton sobre a vida monacal
IV- Experiência monástica e diálogo entre Oriente e Ocidente
V- Oração especial de encerramento
VI- Carta circular aos amigos/novembro de 1968
VII- Marxismo e perspectivas monásticas
VIII- Carta ao Abade Burns em 11 de dezembro de 1968
IX- O significado do Bhagavad Gita por Thomas Merton