Máximo o Confessor — Centúrias sobre a Caridade
Excertos selecionados e traduzidos por C.F. Gomes
Quarta Centúria (excertos variados)
1. Quando pensa na infinidade absoluta de Deus, oceano intransponível e tão desejado, o espírito inicialmente se torna preso de admiração. Depois, fica aturdido ao pensamento de como Ele, do nada, fez os seres existirem. Assim como sua grandeza é infinita, igualmente sua sabedoria.
77. Quem te iluminou para creres na Trindade santa, consubstancial e adorável? Quem te fez conhecer a Encarnação de uma das Pessoas dessa Trindade santa? Quem te ensinou as razões dos seres incorpóreos, da origem e do fim do mundo visível, da ressurreição dos mortos e da vida eterna, da glória do reino dos céus e do temível Juízo? Quem, senão a graça que habita em ti, penhor do Espírito Santo? Que há de maior do que essa graça? que mais excelente do que a divina sabedoria e ciência? Que de mais belo do que as divinas promessas? Se permanecemos inertes, negligentes, na purificação das paixões que obscurecem o espírito, para sermos capazes de ver, mais clara que o dia, a íntima estrutura daquelas realidades, não nos lamentemos senão de nós mesmos, guardemo-nos de negar a presença em nós da graça.
Quarta Centúria
Tradução em grande parte feita a partir da versão inglesa da Philokalia, mas eventualmente utilizada a versão francesa. A tradução de cada centúria foi organizada em 4 páginas de no máximo 25 itens cada uma, para facilitar a leitura na Internet.
1 Primeiro o intelecto se maravilha quando reflete sobre a infinidade absoluta de Deus, este mar sem limites pelo qual anseia tanto. Então está surpreso de como Deus trouxe do nada as coisas à existência. Mas assim como “Sua magnificência é sem limite (Sl 145:3 LXX), assim também “não há penetração de Seus propósitos” (Isa 40:28).
2 Como pode o intelecto não se maravilhar quando contempla este imenso e mais do que surpreendente mar de bondade? Ou como não é surpreso quando reflete em como e de que fonte veio a ser tanto a natureza dotada de inteligência e intelecto, e os quatro elementos que compõem os corpos físicos, embora nenhuma matéria existisse antes de suas gerações? Que espécie de potencialidade foi esta que, uma vez atualizada, levou estas coisas a ser? Mas tudo isto não é aceito por aqueles que seguem os filósofos gregos pagãos, ignorantes que são daquela toda-poderosa bondade e sua efetiva sabedoria e conhecimento, transcendendo o intelecto humano.
3 Deus é o Criador de toda eternidade, e Ele cria quando Ele quer, em Sua infinita bondade, através de seu Logos E Espírito coessenciais.Não levante a objeção: “Porque Ele criou em um momento particular posto que Ele é bom por toda eternidade?” Pois eu replico que a sabedoria inescrutável da essência infinita não se encontra dentro do escopo do conhecimento humano.